Publicado em: 24/06/2025 às 11:25hs
A possibilidade de fechamento do Estreito de Ormuz, região estratégica para o comércio internacional, acendeu o sinal de alerta no Brasil, especialmente para o setor de carnes. A preocupação gira em torno dos impactos econômicos e jurídicos que a medida pode gerar nas exportações brasileiras, sobretudo para países do Oriente Médio.
A tensão aumentou após o Parlamento do Irã aprovar, no último domingo (22/6), uma resolução que autoriza o bloqueio do Estreito de Ormuz. Embora o Conselho de Segurança Nacional iraniano ainda não tenha tomado a decisão final, especialistas já analisam os possíveis desdobramentos da medida, que podem afetar diretamente o Brasil.
Segundo Frederico Favacho, sócio do escritório Santos Neto Advogados e especialista em contratos internacionais no agronegócio, a principal preocupação está nas exportações brasileiras de carne. “O Brasil mantém relações comerciais relevantes com países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que podem ser diretamente impactadas pela instabilidade na região”, afirma o especialista.
O Estreito de Ormuz é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, ligando o Golfo Pérsico ao mar de Omã e ao oceano Índico. A região é essencial para o escoamento de petróleo, gás natural e outras mercadorias, incluindo alimentos e commodities.
Embora o Brasil não seja um grande exportador de petróleo bruto por essa rota específica, os efeitos indiretos são inevitáveis. De acordo com Favacho, a Ásia seria a mais afetada por eventuais bloqueios, mas o Brasil também poderá sentir os reflexos. “A volatilidade do mercado e a interrupção no fornecimento de outras commodities tendem a gerar impactos econômicos relevantes”, explica.
A rota é responsável por cerca de 20% do transporte mundial de petróleo e por boa parte do gás natural liquefeito exportado pelo Catar. Além dos combustíveis, o estreito é fundamental para o trânsito global de matérias-primas como café, soja, minério de ferro e, claro, carne bovina — produtos que compõem parte importante da pauta de exportações brasileiras.
Diante do cenário de incerteza, especialistas recomendam atenção redobrada do setor exportador brasileiro, especialmente das empresas que mantêm relações comerciais com o Oriente Médio. A instabilidade no Estreito de Ormuz, além de representar risco geopolítico, pode interferir nas cadeias logísticas e comprometer contratos internacionais.
A expectativa agora gira em torno da decisão final do Conselho de Segurança Nacional do Irã e das possíveis reações da comunidade internacional frente à movimentação estratégica no Golfo Pérsico.
Fonte: Portal do Agronegócio
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