Publicado em: 15/07/2025 às 16:30hs
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao mercado americano, com vigência a partir de 1º de agosto, elevou a preocupação entre empresas exportadoras do Brasil. A avaliação é de Silvano Boing, CEO da Global, maior empresa de recuperação de crédito B2B do país.
Logo após o anúncio da tarifa, o mercado financeiro reagiu de forma negativa, com queda nas bolsas e valorização do dólar. O cenário reflete o impacto previsto sobre empresas brasileiras com forte atuação no comércio com os EUA.
Segundo Boing, a nova tarifa impõe um desafio sério ao fluxo de caixa das exportadoras.
“O aumento para 50% gera um choque direto no capital de giro. As empresas precisam decidir entre reduzir preços e perder margem, ou sair do mercado americano”, explica o executivo.
Essa decisão, segundo ele, pode desencadear um efeito cascata. Fornecedoras de insumos, transportadoras e prestadores de serviços logísticos podem sofrer com atrasos nos pagamentos e pressão sobre suas finanças.
Ambas as opções prejudicam o fluxo de caixa e podem provocar queda nas receitas em dólar. Muitos setores devem, inclusive, interromper temporariamente suas exportações ao mercado americano.
Embora o impacto atinja diversos segmentos, alguns são mais expostos, como:
O impacto da tarifa pode provocar uma onda de inadimplência entre exportadores e seus fornecedores.
Com os EUA respondendo por cerca de 12% das exportações brasileiras — o equivalente a US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2025 —, o efeito é significativo e preocupante para toda a cadeia produtiva.
Mesmo sem risco imediato de recessão, o impacto da tarifa pode reduzir o PIB brasileiro em 0,3 a 0,4 ponto percentual, segundo analistas.
O real já se desvalorizou mais de 5% frente ao dólar, com aumento da inflação e fuga de investimentos.
“Se a perda em exportações atingir os US$ 15 bilhões previstos, teremos pressão cambial e inflação em um momento delicado da economia”, alerta Boing.
Empresas, diante da incerteza, já começam a rever ou postergar decisões estratégicas de investimento, o que pode comprometer o crescimento econômico no médio prazo.
Apesar do cenário adverso, há alternativas em análise:
Empresas mais diversificadas, com operações nos EUA, podem sentir menos impacto e até ganhar competitividade em relação às concorrentes que dependem exclusivamente da exportação direta do Brasil.
O governo brasileiro atua para tentar reverter a decisão de forma diplomática. A expectativa é de que a tarifa seja temporária e passível de revisão política. Até lá, o setor produtivo permanece em alerta, reavaliando estratégias e aguardando por definições mais claras.
Fonte: Portal do Agronegócio
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