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Próximo plano quinquenal da China deve definir nova era econômica global

Decisões do Comitê Central do Partido Comunista chinês traçarão prioridades da economia entre 2026 e 2030, com foco em autossuficiência tecnológica e impacto global.


Publicado em: 20/10/2025 às 19:40hs

Próximo plano quinquenal da China deve definir nova era econômica global
Reunião do Comitê Central define futuro econômico da China

Nesta semana, os principais líderes da China se reúnem em Pequim para estabelecer as metas e prioridades que guiarão o país nos próximos anos. As deliberações da Plenária do Comitê Central do Partido Comunista Chinês servirão de base para o próximo plano quinquenal, que cobrirá o período de 2026 a 2030.

Embora o plano completo seja divulgado apenas em 2026, autoridades devem antecipar algumas diretrizes já na quarta-feira (22/10). Especialistas apontam que o modelo chinês, baseado em ciclos de planejamento em vez de eleições, produz decisões com efeitos globais significativos.

Segundo Neil Thomas, pesquisador do Instituto de Políticas da Sociedade Asiática, “os planos quinquenais definem objetivos claros, indicam a direção estratégica da liderança e mobilizam recursos do Estado para atingir metas predefinidas”.

1981-1984: 'Reforma e Abertura' e o início da transformação global

A transformação econômica da China começou oficialmente em 1978, com a política de "reforma e abertura" de Deng Xiaoping, apresentada na Terceira Plenária do 11º Comitê Central. Após décadas de planejamento central rígido e crises econômicas, o país buscava elementos da economia de mercado.

O plano quinquenal iniciado em 1981 criou zonas econômicas especiais, atraindo investimentos estrangeiros e transformando a indústria chinesa. Este movimento impulsionou o chamado “choque da China”, transferindo milhões de empregos industriais do Ocidente para a China e influenciando políticas comerciais em países como Estados Unidos e nações europeias.

Thomas ressalta que “a China de hoje superou os sonhos mais ousados das décadas de 1970, consolidando sua posição entre as grandes potências mundiais”.

2011-2015: Estratégia de indústrias emergentes e liderança em tecnologia

Na década passada, o foco chinês mudou para indústrias estratégicas emergentes, incluindo tecnologias verdes, veículos elétricos e energia solar, como forma de evitar a chamada “armadilha da renda média”.

A mobilização de recursos nesses setores consolidou a China como líder global em energias renováveis, veículos elétricos e terras raras, essenciais para semicondutores e inteligência artificial (IA). Restrição recente na exportação de terras raras mostrou o poder geopolítico adquirido pelo país, capaz de influenciar cadeias globais de tecnologia.

“O objetivo de tornar a China autossuficiente em economia, tecnologia e liberdade de ação é antigo e central na ideologia do Partido Comunista Chinês”, afirma Thomas.

2021-2025: Desenvolvimento de alta qualidade e avanço tecnológico

Nos planos mais recentes, a China priorizou o “desenvolvimento de alta qualidade”, conceito introduzido por Xi Jinping em 2017, com foco em desafiar a liderança tecnológica dos Estados Unidos.

Casos de sucesso, como o TikTok, Huawei e modelos de IA como o DeepSeek, demonstram o avanço chinês, embora países ocidentais vejam esse progresso como ameaça à segurança nacional, impondo restrições e embargos a tecnologias chinesas.

Para superar essa dependência, o país introduziu o conceito de “novas forças produtivas de qualidade” em 2023, com ênfase em autossuficiência tecnológica, produção de semicondutores, computação e inteligência artificial, reduzindo vulnerabilidades a embargos estrangeiros.

Thomas explica que “a segurança nacional e a independência tecnológica definem hoje a política econômica da China, garantindo que o país nunca mais seja dominado por potências externas”.

Próximo plano quinquenal: foco em inovação e autonomia estratégica

Especialistas apontam que o próximo plano quinquenal deverá consolidar os pilares da autossuficiência, especialmente em setores de alta tecnologia, e reforçar a estratégia nacionalista que sustenta a política econômica do país.

Decisões tomadas nesta semana em Pequim terão impactos não apenas no território chinês, mas também no comércio global, nas cadeias produtivas e na geopolítica econômica internacional, como os planos anteriores já demonstraram.

Fonte: Portal do Agronegócio

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