Publicado em: 22/10/2025 às 15:30hs
Recentemente, 25 redes de supermercados e distribuidores europeus, incluindo gigantes como Tesco, Sainsbury’s, Greencore, Waitrose, Marks & Spencer, Co-op, Aldi UK, Lidl GB e Asda, enviaram uma carta às principais tradings internacionais de soja do Brasil — ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Cofco.
O documento exige que essas empresas não adquiram grãos oriundos de áreas desmatadas, mesmo que a chamada Moratória da Soja seja suspensa. Esta moratória, firmada em 2006 entre companhias do setor, organizações da sociedade civil e o governo brasileiro, visa conter o avanço do desmatamento na Amazônia ligado ao cultivo da soja.
Segundo Leandro Weber Viegas, CEO da Sell Agro, a iniciativa evidencia uma nova pressão externa sobre a agricultura nacional, gerando tensão com a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que considerou a Moratória uma prática anticoncorrencial e determinou sua suspensão — decisão que, provisoriamente, foi revertida por determinação judicial.
As exigências de rastreamento integral e segregação da produção impõem ao agricultor brasileiro custos adicionais elevados. Para comprovar que sua produção não provém da Amazônia Legal, o produtor precisará apresentar laudos e relatórios técnicos, mesmo já estando em conformidade com o Código Florestal, considerado uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo.
“O produtor brasileiro, que cumpre a lei nacional, acaba punido por não atender critérios impostos por agentes internacionais que não refletem a realidade do campo”, alerta Viegas.
Esse cenário gera insegurança jurídica e pressiona ainda mais as margens de lucro do setor, que já enfrenta custos elevados e competição acirrada no mercado internacional.
O episódio reacende um debate central: quem define as regras da produção agrícola brasileira? Se o País permitir que interesses externos determinem condições de compra e venda, abre-se um precedente que transforma a sustentabilidade em ferramenta de pressão geopolítica e barreira comercial disfarçada.
A discussão vai além da soja, tocando na soberania nacional e na capacidade do Brasil de estabelecer normas próprias que respeitem tanto a legislação ambiental quanto a realidade do campo.
Especialistas reforçam que a sustentabilidade é essencial, mas deve ser aplicada dentro do marco legal nacional, levando em conta o conhecimento local, a responsabilidade dos produtores e o cumprimento das normas de preservação ambiental.
“Defender o agro brasileiro não significa abrir mão da sustentabilidade; significa assegurar que a produção continue respeitando nossas próprias leis e realidades, sem subordinação a agendas externas”, afirma Viegas.
Proteger o setor agrícola é, portanto, proteger a soberania nacional, a segurança alimentar global e o direito de produzir de forma responsável.
Diante das pressões externas, o debate se concentra em uma questão direta: o Brasil continuará ditando as regras da sua produção agrícola ou permitirá que interesses estrangeiros assumam esse papel?
Fonte: Portal do Agronegócio
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