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Para G-20, emergentes vão resistir à pressão cambial

Os líderes do G-20 vão constatar a preocupação com possíveis consequências da retirada de estímulos monetários nos países desenvolvidos, mas avisarão que as economias emergentes têm hoje instrumentos para resistir às volatilidades nos mercados nesse cenário


Publicado em: 04/09/2013 às 19:40hs

Para G-20, emergentes vão resistir à pressão cambial

Tema central - Esse é um tema central da cúpula de líderes das maiores economias. O plano do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de reduzir gradualmente a aquisição mensal de US$ 85 bilhões de ativos, que tem garantido enorme liquidez ao mercado, deflagrou uma primeira rodada de venda maciça de ativos nos emergentes. Em países como Brasil, Indonésia, Índia e Turquia, as bolsas caíram e as moedas se desvalorizaram. Investidores fizeram saques bilionários dos emergentes, voltando para o mercado dos EUA. A escalada militar na Síria exacerbou as inquietações.

Mensagem aos mercados - No G-20, o texto acertado pelos negociadores, em reuniões que entraram pela madrugada em São Petersburgo, deve enviar uma clara mensagem aos mercados.

Linha - De um lado, segue a linha do que os ministros das Finanças disseram em agosto, em Moscou. Ou seja, de que as políticas não convencionais de expansão monetária ajudaram a economia global, mas um período muito prolongado dessa política pode causar danos colaterais. Insistirão que a saída dessa estratégia deve ser calibrada com atenção e comunicada com clareza, para evitar volatilidade excessiva dos fluxos financeiros e impacto na recuperação econômica.

Além - A diferença agora é que os líderes deverão ir além, considerando que os emergentes precisam ter cuidado, mas que essas economias têm bons instrumentos para resistir às volatilidades - em referência a reservas internacionais, situação fiscal, controle de capital e outros.

Posição distinta - Analistas têm ainda reiterado que os emergentes hoje estão em posição bem distinta de crises no passado. O peso de dívida em moeda estrangeira é menor e a exigência de financiamento externo também caiu, reduzindo a necessidade de os BCs elevarem os juros para sustentar o fluxo de capitais. O maior temor é com a inflação.

Turbulência exacerbada - Na negociação do texto, EUA, Reino Unido, Alemanha e Canadá tentaram empurrar a ideia de que a turbulência atual nos emergentes é exacerbada pelo estado de suas próprias economias. Para esses países, as economias emergentes podem atenuar alguns problemas fazendo reformas estruturais, e precisam levar em conta os efeitos das políticas monetárias expansionistas nos desenvolvidos.

Reação - Os emergentes reagiram pondo ênfase na importância da estratégia de saída da política expansionista nos países ricos, a começar pelo Fed. "Saiu um texto equilibrado", disse um negociador.

Impacto - Se a declaração do G-20 terá algum impacto no mercado é outra coisa. Negociadores negam rumores de que a Índia, particularmente afetada pela turbulência, com desvalorização de 20% de sua moeda, estaria buscando apoio dos outros emergentes para coordenar intervenções no mercado de cambio. "É um mal-entendido. Não houve nenhum pedido indiano nem isso está sendo discutido", disse um importante negociador.

Reunião - Os líderes dos Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - vão se reunir amanhã em São Petersburgo. Além da turbulência que os afetam, voltará à agenda o avanço na criação do fundo de reservas dos Brics, de US$ 100 bilhões, e do banco dos Brics, com US$ 50 bilhões de capital inicial.