Internacional

Organizações internacionais intensificam campanha pelo direito universal à alimentação saudável

FAO, WFP, FIDA e IICA destacam desafios globais no combate à fome e promovem ações para garantir o acesso a alimentos nutritivos e sustentáveis


Publicado em: 16/10/2024 às 11:25hs

Organizações internacionais intensificam campanha pelo direito universal à alimentação saudável

Cerca de 733 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam a fome, enquanto 2,8 bilhões, mais de um terço da população global, não têm acesso a uma alimentação saudável. Embora o direito à alimentação esteja consagrado internacionalmente, a sua plena implementação ainda está longe de ser alcançada.

O Dia Mundial da Alimentação (DMA), celebrado em 16 de outubro, visa aumentar a conscientização global sobre essa questão urgente e mobilizar esforços da sociedade civil, do setor privado, dos governos e do meio acadêmico para enfrentar essa realidade. Em 2024, a campanha tem como lema “Direito aos alimentos para um futuro e uma vida melhores”.

Essa campanha é promovida em conjunto por diversas instituições de peso: a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Essas organizações atuam no Brasil e em outros países com foco no desenvolvimento rural e na segurança alimentar.

Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, destaca a importância da campanha em promover o acesso universal a alimentos nutritivos, seguros e sustentáveis. “Das mais de 6 mil espécies de plantas alimentares disponíveis, apenas 9 representam dois terços do que consumimos. Precisamos transformar nossos sistemas agroalimentares para garantir a produção de alimentos diversos e saudáveis, sem comprometer o meio ambiente, e torná-los acessíveis a todos”, afirma.

Nesse contexto, Arnoud Hameleers, Diretor-País do FIDA no Brasil, ressalta o papel crucial da transformação rural. “Os investimentos públicos e privados na agricultura familiar ajudam a reduzir a pobreza e a fome no campo, ao mesmo tempo que aumentam a oferta de alimentos nutritivos. Pequenos agricultores, que produzem a maior parte dos alimentos consumidos pelos brasileiros, são essenciais nesse processo. Apoiar sua resiliência e produtividade é fundamental em um cenário de mudanças climáticas”, explica Hameleers.

Segundo estimativas do IICA, 59 milhões de pessoas vivem na pobreza rural na América Latina e Caribe, apesar de a região ser a maior exportadora líquida de alimentos, capaz de alimentar 1,3 bilhão de pessoas. Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil, defende que a inovação aliada à sustentabilidade é uma solução para essa crise. “Precisamos fortalecer a agricultura familiar e apostar em iniciativas de bioeconomia e mercados sustentáveis. O direito à alimentação só será alcançado se transformarmos nossos sistemas alimentares e criarmos oportunidades econômicas no campo”, ressalta.

Nas áreas urbanas, o consumo de alimentos ultraprocessados, que são frequentemente mais baratos e acessíveis do que produtos frescos, tem gerado um aumento da má nutrição, levando à obesidade e deficiências de micronutrientes. Estima-se que cerca de 2,5 bilhões de adultos e 37 milhões de crianças com menos de cinco anos estejam obesos.

Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome do WFP no Brasil, alerta para as consequências sociais e econômicas da alimentação desequilibrada. “É essencial promover a produção e o consumo de alimentos mais nutritivos e fornecer informações claras sobre escolhas alimentares saudáveis. Programas como a alimentação escolar são vitais para garantir que as crianças desenvolvam bons hábitos alimentares que levarão para a vida adulta”, enfatiza.

Avanços no Brasil

No Brasil, a campanha pelo Dia Mundial da Alimentação conta com o apoio do governo federal, por meio dos Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). O país reforça seu compromisso com a segurança alimentar e o alinhamento com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pelas organizações internacionais.

O Brasil é reconhecido globalmente por seu combate à fome, tendo saído do Mapa da Fome em 2014, graças a programas como o Bolsa Família e o Fome Zero. Contudo, com a pandemia e a interrupção de algumas políticas públicas, o país voltou a figurar nesse mapa em 2021, com 4,2% da população subalimentada. No entanto, a retomada da rede de proteção social reduziu esse número para 3,9% em 2023, e há expectativas de que o índice possa voltar ao patamar abaixo de 2,5%.

A prioridade do governo brasileiro é evidenciada na criação do Plano Brasil Sem Fome e na proposta de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada em novembro durante a presidência do G20, no Rio de Janeiro.

Fonte: Portal do Agronegócio

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