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Oferta única do Mercosul para UE está mais próxima

Em um encontro de ministros do Brasil e da Argentina, sexta-feira (14/03), em Buenos Aires, os dois principais parceiros do Mercosul conseguiram avançar em duas questões importantes para o comércio na região


Publicado em: 18/03/2014 às 10:00hs

Oferta única do Mercosul para UE está mais próxima

Uma delas foi a possibilidade de os dois países levarem uma proposta conjunta nas negociações com a União Europeia animou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Mauro Borges. "Essa é a boa notícia", disse ao sair do encontro com a equipe econômica do governo argentino. Na mesma reunião, o Brasil também apresentou ideias para financiar a importação de produtos brasileiros na Argentina.

Detalhes - Nenhuma das duas questões foi, no entanto, detalhada por Borges. O ministro destacou apenas a necessidade de buscar linhas de financiamento para preservar o comércio entre os dois países, que soma US$ 30 bilhões por ano. "Em qualquer parâmetro de comércio internacional, um volume de US$ 30 bilhões é muito alto; deve ser preservado", disse. "Apresentamos um conjunto de possibilidades de financiamento que vai além dos modelos tradicionais", disse o ministro.

Financiamento - A criação de uma linha de financiamento para exportações do Brasil para a Argentina tem sido discutida há alguns dias em Brasília. A ideia é dar uma mão ao país vizinho e, dessa forma, aliviar as restrições às importações que a Argentina tem mantido na tentativa de evitar a fuga de dólares. Segundo fontes, cogita-se até a participação de bancos privados numa linha de financiamento.

Companhias - Em sua primeira visita à Argentina como ministro, Borges foi a Buenos Aires acompanhado de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, Daniel Godinho, secretário de comércio exterior, e do embaixador Antônio Simões, subsecretário geral do Itamaraty na América do Sul.

Sinal - Os representantes do governo brasileiro iniciaram as conversas com os ministros argentinos Axel Kicillof, da Economia, Jorge Capitanich, ministro-chefe de gabinete, e Débora Giorgi, da Indústria. Mas, ao final, num sinal de que a questão do financiamento teria sido discutida de forma mais detalhada, Borges também se reuniu com o presidente do Banco Central da Argentina, Juan Carlos Fábrega.

Sem declarações- Os ministros argentinos não deram declarações, como de praxe. Mas Debora Giorgi não conseguiu esconder a satisfação com o resultado do encontro. E chegou a mandar beijos para os jornalistas brasileiros. Um apoio brasileiro é bem-vindo num momento em que o saldo da balança comercial entre os dois países mantém-se negativo para os argentinos.

Déficit - Nos primeiros dois meses do ano, o lado argentino amargou um déficit de US$ 297 milhões no comércio com o Brasil. Nesse período, suas exportações para o Brasil recuaram 23,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas as importações também caíra 11,8%. Análise da consultoria Abeceb destaca que o total do comércio entre os dois países nos dois primeiros meses do ano, de US$ 2,259 bilhões, foi o mais baixo para o período nos últimos quatro anos.

Setor automotivo- Apesar de não informar que tipo de financiamento o governo brasileiro vai oferecer aos argentinos e nem quais setores serão beneficiados, Borges reconheceu a importância do setor automotivo, que responde por 50% do comércio entre os dois países. A indústria automobilística pode ser uma das primeiras beneficiadas por ova linha de crédito por ter as mesmas empresas instaladas nos dois lados da fronteira.

Restrições - Acompanhadas da súbita desvalorização do peso, que somou 23% em janeiro, as principais medidas de comércio exterior que o governo argentino tem tomado concentram-se nas restrições à entrada de produtos estrangeiros. Isso acabou por atrasar o início das conversas para a renovação do acordo automotivo, que expira em 30 de junho. Sem esse entendimento, o intercâmbio de veículos no Mercosul, hoje livre de impostos, passaria a ser tributado. "Temos condições de fechar um novo acordo de muita qualidade", disse Borges. No entanto, destacou, não foi objetivo do encontro tratar de nenhum setor específico.