Durante o mês de março, os produtores norte-americanos enviam ao governo formulários com suas intenções de plantio para o ciclo 2014/15. É a partir desses dados que o Usda elabora as projeções que irão compor o relatório que será divulgado pelo órgão no dia 31. Por telefone, e-mail ou pessoalmente, 83,5 mil produtores foram ouvidos no ano passado.

Esse relatório ainda não traz estimativas de produção ou números de consumo (o primeiro quadro completo de oferta e demanda da temporada é apresentado apenas em maiol), mas um documento extraoficial divulgado há duas semanas indica a direção que as projeções devem tomar. No final de fevereiro, durante o Agricultural Outlook Forum, o Usda mostrou que espera uma desaceleração do consumo e aumento considerável da oferta.

Do lado da oferta, o órgão aposta em uma produção de 355,23 milhões de toneladas de milho nos EUA no próximo ciclo – um incremento de 1,5 milhão em relação à safra anterior, apesar de uma redução de 3,6% na área plantada. Para a soja, o Usda espera uma produção de 96,61 milhões de toneladas – incremento de 7,1 milhões de toneladas em relação à safra anterior em uma área recorde de 32,17 milhões de hectares.

Do lado da demanda, o consumo de milho tende a se estabilizar, reflexo da estagnação do programa de norte-americano de etanol. Puxada pela China, a demanda por soja deve seguir em expansão, ainda que em menor ritmo. A partir dessas estimativas, o Usda projeta preços médios em torno de US$ 3,90/bushel para o milho e de US$ 9,65/bushel para a soja na temporada 2014/15 – os menores níveis dos últimos cinco anos.

Para que essa conjuntura se confirme e as cotações recuem aos patamares anunciados pelo órgão, contudo, o rendimento médio das lavouras norte-americanas tem que superar recordes históricos. Em suas estimativas prévias de produção, o Usda considera uma produtividade média de 172,9 sacas de milho e de 50,7 sacas de soja por hectare – índices bem acima da linha de tendência e que, portanto, precisariam condições ideais de clima ao longo de toda a temporada para se confirmar.

Simulação elaborada pelo AgroGP revela que, ajustando as produtividades à linha de tendência histórica, o balanço entre oferta e demanda norte-americano pode não ser tão folgado quanto prevê o Usda. Mantendo inalteradas todas as projeções do órgão para o lado da demanda, as reservas de soja, que na temporada atual são suficientes para 16,5 dias de consumo, seriam elevadas a 20 dias, e não 30 dias como previu o Usda em fevereiro. No caso do milho, os estoques finais norte-americanos seriam elevados de 40,6 dias de consumo em 2013/14 para 45 dias no próximo ciclo, e não a 57 dias como estimado no Outlook Forum.