Publicado em: 10/06/2015 às 15:00hs
Não será surpresa se a presidente Dilma Rousseff propuser aos líderes europeus pelo menos a fixação de uma data para troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia, a fim de conduzir o acordo birregional às barganhas finais.
Argentina - Por sua vez, a Argentina não vê com interesse a negociação com "velocidades diferentes", situação que permite aos sócios do Mercosul avançar conforme seus próprios interesses e dar prazo para a adaptação posterior dos outros membros. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, esteve neste fim de semana em Roma, mas decidiu não continuar viagem até Bruxelas para participar da cúpula com os europeus. As presenças do uruguaio Tabaré Vázquez e do venezuelano Nicolás Maduro também não estavam confirmadas.
Desbloqueio - À margem da Cúpula América LatinaUnião Europeia, a Comissão Europeia quer, um lado, ver como desbloquear a negociação com o Mercosul, e, de outro, deslanchar a modernização dos acordos que já têm com México e Chile para ampliar a liberalização, incluindo, por exemplo, o setor energético.
Ceticismo - No entanto, o setor privado da Europa demonstra ceticismo sobre um avanço real em torno das negociações com o Mercosul. Para a diretora internacional da BusinessEurope (espécie de Fiesp europeia), Luisa Santos, o setor privado tem interesse na negociação birregional, mas não crê em desbloqueio enquanto o Mercosul não chegar ao compromisso de liberalização que a UE sempre pede em toda negociação comercial.
Vontade política - Pascal Kerneis, diretor do Fórum Europeu de Serviços (ESF, na sigla em inglês), diz que falta vontade política dos dois blocos para serem mais ambiciosos nos compromissos de abertura de seus mercados. JeanLuc Meriaux, secretáriogeral da União Europeia do Comercio de Gado e de Carnes (UECBV, na sigla em francês), estima que "a maturidade não foi alcançada" para se retomar a negociação no curto prazo. "O sentimento é de que a oferta do Mercosul não vale o suficiente", defendeu.
Aproximação - De seu lado, a Associação EUBrasil, que defende a aproximação bilateral, afirma que não é preciso esperar o acordo UEMercosul para avançar já em outras áreas. "A UE está trabalhando com a China sobre temas do futuro, como o digital. E dá para fazer o mesmo com o Brasil nesse setor que é chave e motor para o crescimento", exemplifica Luigi Gambardella, presidente da associação.
Digital - Ele nota que a Europa está discutindo o mercado comum digital. O objetivo é colocar a internet no centro do processo industrial e revitalizar a competitividade europeia. "Criando um mercado único digital conectado, podemos gerar até € 415 bilhões por ano de crescimento adicional na Europa", afirmou. "Isso deveria ser o foco da cooperação bilateral. Por que não criar um mercado digital comum entre o Brasil e a Europa?", propôs.
Fonte: Informe OCB
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