Publicado em: 08/01/2025 às 11:05hs
Donald Trump prometeu implementar tarifas de até 10% sobre importações globais e 60% sobre produtos chineses, além de uma sobretaxa de 25% sobre mercadorias vindas do Canadá e do México. Especialistas alertam que essas medidas poderiam impactar os fluxos comerciais, elevar custos e desencadear retaliações internacionais.
Embora a dimensão exata dessas tarifas ainda seja incerta, o mercado financeiro já reage às possíveis implicações. A seguir, os principais efeitos em setores e economias específicos.
A China surge como o principal alvo das políticas protecionistas de Trump, segundo o Goldman Sachs. A moeda chinesa, o iuan, encontra-se no nível mais fraco em 16 meses, sendo negociada acima de 7,3 por dólar, um patamar que as autoridades buscam estabilizar.
Projeções do Barclays indicam que, em um cenário de tarifas de 60%, o iuan poderia desvalorizar-se para 8,4 por dólar até o fim de 2025. Mesmo sem as tarifas, a desaceleração econômica do país já prejudica a moeda, reduzindo os rendimentos de títulos governamentais e ampliando a diferença em relação aos Treasuries americanos.
Analistas apontam que Pequim pode permitir um enfraquecimento gradual do iuan para mitigar os impactos sobre os exportadores, mas sem movimentos abruptos.
Desde a eleição de Trump, o euro acumulou uma queda superior a 5%, atingindo seu menor nível em dois anos, próximo a US$ 1,03. Instituições como JPMorgan e Rabobank preveem que a moeda europeia pode chegar à paridade com o dólar ainda este ano, devido às incertezas tarifárias.
Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da União Europeia, com um fluxo bilateral de bens e serviços que atinge US$ 1,7 trilhão. Enquanto o Banco Central Europeu prevê cortes de 100 pontos-base nos juros para estimular a economia, especula-se que o Federal Reserve reduzirá apenas 40 pontos-base, fortalecendo o apelo do dólar.
A fraqueza econômica na China também tem reflexos negativos para a Europa, pressionando ainda mais a moeda única.
As ações do setor automotivo europeu têm mostrado alta sensibilidade às notícias sobre tarifas. Uma reportagem recente sugerindo que as tarifas poderiam ser limitadas a setores estratégicos chegou a impulsionar os papéis em quase 5%, antes de recuarem após a negação de Trump.
O setor já acumula uma perda de 25% em valor desde abril de 2024. Emmanuel Cau, estrategista do Barclays, destaca que automóveis, bens industriais e artigos de luxo estão entre os setores mais expostos às tensões comerciais.
O dólar canadense está próximo do nível mais baixo em quatro anos, pressionado pela ameaça de tarifas de 25% sobre produtos canadenses. O Goldman Sachs estima que o mercado precifica uma probabilidade de apenas 5% de tais tarifas se materializarem, mas o prolongamento das negociações comerciais mantém o risco elevado.
Analistas sugerem que, em caso de uma guerra comercial plena, a moeda canadense poderia desvalorizar-se para 1,50 em relação ao dólar americano, representando uma queda adicional de quase 5%. A renúncia recente do primeiro-ministro Justin Trudeau adiciona mais incertezas ao cenário.
O peso mexicano, que já acumulou queda de 18,6% em 2024, continua altamente vulnerável às notícias sobre tarifas. A volatilidade reflete a dependência da economia mexicana em relação aos Estados Unidos, destino de 80% de suas exportações.
Na segunda-feira, rumores de tarifas levaram o peso a uma valorização de até 2%, que posteriormente perdeu força após a negativa de Trump. O mercado permanece atento, já que o comércio na fronteira sul dos EUA segue como foco das políticas protecionistas.
As incertezas geradas pela retórica protecionista de Trump destacam a complexidade dos impactos comerciais e cambiais, com efeitos que se desdobram em diferentes economias e setores estratégicos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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