Publicado em: 31/08/2018 às 11:40hs
O acordo comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, com o México pode ter dificuldades em conseguir aprovação do Congresso, a não ser que o Canadá participe, disseram congressistas de ambos os partidos na terça-feira (28/08), acrescentando que será necessário o apoio dos democratas para aprovar um acordo bilateral.
Divulgação - Trump divulgou o acordo com o México na segunda-feira (27/08) e ameaçou adotar tarifas sobre automóveis de fabricação canadense se o Canadá não aderir à reformulação do trilateral Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), há muito criticado por Trump.
Batalha - Caso Trump tente aprovar no Senado um acordo bilateral em substituição ao Nafta, enfrentará uma dura batalha para conquistar esse aval, disseram congressistas. Alguns disseram que só um pacto trilateral pode ser considerado para aprovação "fast-track" (rápida) no Senado por 51 votos. Por esse regime não é necessário submeter os acordos comerciais a discussão pelo Congresso, que apenas os aprova ou veta, mas não os modifica.
Acordo bilateral - Já um acordo bilateral precisaria de 60 votos, o que exigiria algum apoio dos democratas, que provavelmente relutarão em ajudar Trump, disseram eles. Os republicanos têm 50 dos 100 assentos do Senado.
Canadá - Para obter ratificação de "fast-track" do Senado, "o governo também precisa chegar a um acordo com o Canadá", disse o senador republicano Pat Toomey. "O Nafta foi um acordo tripartite que só se tornou operante com legislação sancionada pelo Congresso", disse Toomey, membro da comissão que supervisiona a política comercial.
Legislação adicional - "Qualquer mudança, como o rompimento do Nafta, exige uma legislação adicional do Congresso. A conversão em um acordo bilateral não está apta a passar por... trâmites de 'fast track' e exigiria, portanto, 60 votos no Senado."
Resposta - A Casa Branca não respondeu a uma solicitação por seus comentários sobre um tratamento "fast track" para o acordo com o México.
Retomada das negociações - A principal negociadora comercial do Canadá, a ministra das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, chegou nesta terça a Washington para retomar as negociações com seus colegas mexicanos e americanos, na tentativa de manter o país como parte do acordo comercial.
Animada - Após se reunir com o representante comercial americano (USTR), Robert Lighthizer, Freeland se disse "animada" pelos avanços obtidos pelos EUA e o México sobre novo Nafta, em especial nos temas "automóveis e mão de obra".
Empenho - O ministro das Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, disse que trabalhará para um acordo entre os três países. "Vamos agora dedicar longas horas à negociação com o Canadá", afirmou. Videgaray disse, no entanto, que se EUA e Canadá não chegarem a acordo sobre o Nafta, pelo menos já existe um acordo entre EUA e México.
Tarifas - Citando fontes, a Reuters informou que o acordo anunciado por Trump permitirá aos EUA impor tarifas de até 25% sobre as importações de automóveis, SUVs e autopeças fabricados no México que superarem uma cota anual. No caso de carros e SUVs, volumes acima de 2,4 milhões de unidades estariam sujeitas à sobretaxa. Em 2017, as exportações mexicanas de automóveis e SUVs somaram quase 1,8 milhão de unidades. O USTR e o governo mexicano não responderam aos pedidos de comentário.
Preocupações jurídicas - O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que um acordo bilateral enfrentará "sérias preocupações jurídicas", e questionou também a ausência de detalhes sobre as cláusulas do pacto com o México. "Estou um pouco preocupado de que esse seja como o da Coreia do Norte. Eles são bem anunciados, mas não vemos os detalhes", disse Schumer.
Poucos detalhes - O senador democrata Ron Wyden disse: "Sabemos poucos detalhes. Há interrogações sobre se isso chega até a ter seu cumprimento fiscalizável... Estamos longe de ter chegado ao fim, e o fato é que não se pode avançar significativamente nisso sem os canadenses".
Fonte: Portal Paraná Cooperativo
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