Publicado em: 10/05/2019 às 11:00hs
Os EUA e a China vão atropelar regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) com ou sem acordo entre eles até esta sexta-feira (10/05), o que deve manter um clima de tensão na economia global.
Ameaça - Se não houver acordo, o governo de Donald Trump ameaça impor tarifas adicionais de 25% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados pelos EUA, além de abrir investigação para sobretaxar outros US$ 325 bilhões.
Violação de regras - Isso deve violar as regras da OMC, porque Washington tem um limite consolidado para aumentar tarifas. A média de alíquotas americanas é de 3%, e adicionar outros 25% deve ficar na ilegalidade em vários produtos. "É uma burrice", diz Fernando de Mateo, professor de comércio internacional do Colégio do México e ex-embaixador mexicano junto à OMC.
Retaliação - A China, uma vez atingida pelos EUA, promete retaliar, o que também deve atropelar regras da OMC. "É outra burrice", diz Mateo.
Solução - Já se houver um acordo, um dos itens deverá ser um sistema de solução de controvérsias bilateral, do qual os outros países evidentemente ficam excluídos, e o sistema multilateral é ignorado. "O grande problema dos americanos tem sido como obrigar a China a respeitar seus compromissos e, no caso contrário, adotar represálias. E a China quer fazer o mesmo", diz o professor.
Compra - Outra questão é como um eventual acordo será ajustado para a China se comprometer a comprar produtos americanos, em detrimento dos demais parceiros - isso fere uma regra básica da OMC, de que o tratamento dado a um país tem de ser estendido aos outros.
Desvio - O desvio de comércio parece inevitável, elevando o dano que já vem ocorrendo pela violação de regras globais desde que o governo de Donald Trump impôs sobretaxa às importações de aço, com retaliação por parte de vários parceiros.
Regras não escritas - Para alguns especialistas, Washington e Pequim podem acertar regras não escritas de preferências no tratamento de questões como barreiras técnicas ou barreiras fitossanitárias, que são cada vez mais importantes na restrição de fluxos comerciais.
Restrição - No caso da China, basta ver a recente restrição à entrada de canola do Canadá. Os canadenses exportam o produto para 27 países, mas só os chineses bloquearam agora sua entrada, num exemplo de como barrar importações. As ameaças de Trump contra a China são vistas por negociadores como uma tática negociadora que é sustentada pelo bom estado da economia americana e pelo cenário eleitoral nos EUA.
Dificuldade - Mas Trump, mesmo sendo famoso por dizer tudo e o contrário, pode ter dificuldade de voltar atrás em tão pouco tempo e fechar um acordo com os chineses em bases não ambiciosas.
Compensação - Como observa uma importante fonte, a imposição por Washington da tarifa adicional de 10% sobre importações chinesas foi compensado por Pequim com a desvalorização da moeda chinesa. Mas aumentar a sobretaxa para 25%, e ainda ameaçar punir o resto das exportações chinesas, representará uma efetiva declaração de guerra, com impacto devastador para a economia global que já não se mostra muito sólida.
Reforma da OMC - Se as duas maiores economias do mundo abandonarem o diálogo, um tema afetado imediatamente será a tentativa de reforma da OMC. É uma reforma considerada necessária, tanto para regular a atuação do Órgão de Apelação da entidade como para enquadrar os subsídios chineses à produção.
Fonte: Portal Paraná Cooperativo
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