Publicado em: 25/11/2014 às 18:30hs
A surpreendente redução nos juros anunciada na sexta-feira (21/11), a primeira em mais de dois anos, reflete uma mudança de curso de Pequim e do BC, que vinham insistindo com modestas medidas de estímulo antes de decidirem no fim da semana passada que uma arrojada ação na política monetária era necessária para estabilizar a segunda maior economia do mundo.
Desaceleração - O crescimento econômico desacelerou para 7,3% no terceiro trimestre e as autoridades ficaram apreensivas com a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) estar prestes a cair para menos de 7% - uma baixa expansão não vista desde a crise financeira global de 2008. Os preços aos produtores vêm caindo há quase três anos, colocando pressão sobre as fábricas, e a inflação ao consumidor também é fraca.
Mudanças de posições - "O alto comando mudou suas posições", disse um importante economista de um centro de estudos governamental que participa das discussões internas sobre políticas governamentais.
Mudança no foco - O economista, que não quis ter seu nome revelado, disse que o Banco do Povo da China (o BC do país) moveu o seu foco na direção de estímulos amplos e que estava aberto também a mais corte nas taxas, bem como a um alívio no nível de depósitos compulsórios para a indústria bancária, que na prática restringem o volume de capital disponível para empréstimos.
Cenários previstos - A expectativa de novas reduções nos juros faz parte dos cenários previstos por economistas dos bancos J. P. Morgan Chase, Barclays e UBS. O anúncio de sexta-feira sinaliza "uma mudança de política rumo a um afrouxamento monetário mais agressivo", disse Haibin Zhu, economista-chefe para a China do J. P. Morgan Chase. "Isso reflete a preocupação do governo em relação ao crescimento de curto prazo e os esforços desesperados para rebaixar o custo de financiamento para o setor corporativo."
Depósitos compulsórios - A China neste ano cortou a taxa de depósitos compulsórios para alguns bancos, mas não anuncia uma redução para todas as instituições desde maio de 2012. "Nova diminuição nas taxas de juros deve estar a caminho, já que entramos num ciclo de cortes nas taxas, e também são prováveis cortes nos níveis de depósitos compulsórios", disse o economista do centro de estudos governamental.
Governos locais - Segundo fontes da agência Reuters, a medida de sexta-feira, que cortou a taxa referencial para empréstimos de um ano em 40 pontos-base, para 5,6%, também foi motivada pelos temores de que os governos locais estão enfrentando dificuldades para administrar grandes dívidas em meio às reformas que alteram suas condições de financiamento.
Ação - "A crescente liquidez promovida pelo banco central fracassou em reduzir os custos de empréstimos para a economia real", disse um ex-pesquisador do BC que hoje trabalha para o governo.
Fonte: Agências internacionais
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