Internacional

Índia dá sinais de flexibilidade e Figueiredo prevê acordo em Bali

Após almoço com o ministro de Comércio da Índia, Anand Sharma, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luis Alberto Figueiredo, declarou-se convencido de que é possível a conclusão do primeiro acordo comercial global


Publicado em: 05/12/2013 às 10:40hs

Índia dá sinais de flexibilidade e Figueiredo prevê acordo em Bali

Após almoço com o ministro de Comércio da Índia, Anand Sharma, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luis Alberto Figueiredo, declarou-se convencido de que é possível a conclusão do primeiro acordo comercial global em quase duas décadas, esta semana em Bali. Segundo Figueiredo, o ministro indiano "mostrou determinação em concluir as negociações de Bali com êxito". Sharma disse ao diplomata brasileiro que a Índia está disposta a dar garantias de que a cláusula de paz, para aumentar subsídios sem ser questionado pelos parceiros, não será perpétua, e que o programa de estoques de alimentos não vai causar distorções no mercado internacional - algo já previsto no texto esboçado em Genebra.

Cinco formas - Segundo uma fonte, a Índia aponta cinco formas de resolver seu problema e acha impossível que nenhuma seja aceita. Por exemplo, atualização no preço de referência de 1986-88 para ajuda aos agricultores, ou a garantia de que, caso não haja uma solução definitiva para os programas de segurança alimentar depois de quatro anos de cláusula de paz, se poderia estender a cláusula por mais dois anos sem renovação, para fechar um compromisso.

Direção - "O que eles [os indianos] dizem é que estão indo bastante na direção do que todo mundo quer", afirmou o ministro brasileiro. "Faz parte da negociação agora fechar um texto que deixe todo mundo confortável."

Isolamento - Certo mesmo é que a Índia tenta sair de seu isolamento e buscava, nesta terça-feira (03/12), arregimentar tropas para defender sua posição. Sharma passou o dia se reunindo com colegas de vários países. O ministro indiano tinha encontro marcado com seu colega chinês ontem à noite, mas embora Pequim queira também se aproveitar de mais flexibilidade para dar subsídios agrícolas, os chineses não vão bloquear um acordo, pois têm interesse em outras áreas da negociação.

África - Por sua vez, o coordenador do grupo de 42 países africanos, que é o representante do Marrocos, disse, em entrevista coletiva, que a África quer um acordo nas bases atuais, porque, do contrário, vai continuar perdendo chances de expandir suas transações internacionais. "Todo mundo está preocupado e sente o perigo de um fracasso", afirmou o ministro de Comércio do Marrocos, Mounir Abdel Nour. "Eu não vejo como podemos alcançar um acordo. Países desenvolvidos precisam fazer mais concessões sobre segurança alimentar e sobre subsídios à exportação."

EUA - Fontes dizem que os Estados Unidos sinalizam flexibilidade, abandonando a posição de que não premiariam "intransigentes" com mais concessões, numa referência feita em Genebra em relação aos indianos. Por outro lado, alguns negociadores se inquietavam com o endurecimento da posição da Argentina sobre subsídios à exportação agrícola. Parece claro que, se isso continuar, o Brasil vai ter de aumentar a tentativa de convencimento junto ao seu vizinho.

Conclamação - Na abertura da conferência ministerial da OMC, o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, conclamou os países a fazerem um acordo e salvar a credibilidade da OMC. Mais tarde, Roberto Azevêdo, diretor-geral da entidade, levantou o tom em relação à Índia sem mencionar o país, dizendo que "não há absolutamente nada no que estamos fazendo hoje que deixaria alguém, e particularmente os agricultores de países em desenvolvimento, em situação pior".

Fonte: Oceparcomercio mundial I 04 12 2013

◄ Leia outras notícias