Publicado em: 07/07/2014 às 19:30hs
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que a economia mundial vai se fortalecer neste segundo semestre e em 2015. Porém, a expectativa de crescimento vai ficar abaixo do previsto pelo fundo em abril, quando apontou avanço de 3,6% para este ano e alta de 3,9% para o próximo. O FMI vai divulgar as novas projeções ainda este mês.
- A evolução da economia global está ganhando velocidade, embora o ritmo esteja um pouco abaixo do que estávamos esperando. Constatamos que a atividade mundial está se recuperando, mas o impulso pode ser menor porque o crescimento potencial é mais baixo e o investimento continua fraco - declarou Lagarde, em uma conferência em Aix-en-Provence, cidade no sul da França.
Segundo Lagarde, a expectativa é que o crescimento dos EUA ganhe força neste segundo semestre, após um início de ano decepcionante e abaixo do esperado. Mas frisou que a retirada dos estímulos do Federal Reserve (FED, o Banco Central dos EUA) tem de ser feita de forma gradual.
FMI: Ásia pode crescer 7,5%
A diretora do FMI disse que a zona do euro está lentamente saindo da recessão, mas, para isso, é fundamental que os países impulsionem o crescimento, investindo em Infraestrutura, educação e saúde, desde que suas dívidas permaneçam em um nível sustentável.
- Apesar das muitas respostas para a crise, a recuperação ainda é modesta e frágil, e as medidas para aumentar a demanda, apesar da boa vontade dos bancos centrais, vão esbarrar em seus próprios limites. Devemos, portanto, tomar medidas para impulsionar os esforços para fortalecer o crescimento. Esta é a oportunidade para relançar o investimento, sem ameaçar a viabilidade das finanças públicas - disse Lagarde.
Porém, em seu discurso, Lagarde disse várias vezes que, apesar de agora ser o momento ideal para alguns países aumentarem o investimento público, nem todos podem se dar ao luxo de fazê-lo, devido ao seu alto nível de endividamento. Ela afirmou que o impacto positivo dos investimentos sobre o crescimento poderia ser forte o suficiente para permitir a realização de alguns projetos sem afetar a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos).
Ela afirmou que essa análise deve ser feita caso a caso. Citou, por exemplo, a França, que tem uma necessidade menor de investir em Infraestrutura em relação a nações como Alemanha, Reino Unido e EUA.
Lagarde falou ainda sobre o crescimento da Ásia. Disse que o FMI não esperava uma desaceleração brutal na China:
- Olhando para os países emergentes da Ásia, e em particular a China, estamos tranquilos, porque não vemos uma desaceleração brutal, mas sim uma ligeira desaceleração do crescimento, que se tornou mais sustentável, devendo fechar o ano com aumento de 7% a 7,5%.
BCE pede mais investimentos
Participando do mesmo evento na cidade francesa, o integrante do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) Benoît Coeuré disse que as taxas de juros vão permanecer baixas na zona do euro por muito tempo para garantir a estabilidade monetária. No entanto, disse que os governos da zona do euro precisam fazer a sua parte para estimular a demanda e reduzir a dívida.
A zona do euro tem um grande déficit de investimentos, disse Coeuré, acrescentando que os governos também precisam investir na Europa. Segundo ele, essa é uma condição para a estabilidade.
- A única saída é o investimento - disse Coeuré, ressaltando que a atual situação econômica de dívida alta, desemprego elevado e crescimento fraco é bastante preocupante.
Mas isso não deveria ser feito empilhando mais dívida sobre a dívida antiga , disse, lembrando que os países da zona do euro devem garantir flexibilidade para implementar o pacto de estabilidade do bloco.
Fonte: O Globo
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