Publicado em: 09/06/2025 às 10:56hs
O crescimento das exportações da China perdeu força em maio, alcançando o menor patamar dos últimos três meses. A desaceleração ocorre em meio ao impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o que refletiu diretamente na redução dos embarques chineses. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelas autoridades alfandegárias do país.
As remessas chinesas para os Estados Unidos caíram 34,5% em valor no mês de maio, a maior queda desde fevereiro de 2020, quando a pandemia de Covid-19 paralisou o comércio global. A retração evidencia os efeitos das tarifas americanas sobre os produtos chineses, mesmo após a redução parcial das taxas implementada no início de abril.
Apesar da desaceleração, as exportações totais da China aumentaram 4,8% em maio na comparação anual. O número representa um avanço mais modesto frente ao crescimento de 8,1% registrado em abril e ficou abaixo da projeção de 5% feita por analistas ouvidos pela agência Reuters.
Segundo Lynn Song, economista-chefe do ING para a Grande China, o resultado ainda reflete o impacto do "período de pico" das tarifas. Song também destacou que a antecipação de embarques e o aumento nas vendas para outras regiões além dos EUA ajudaram a sustentar parte do desempenho das exportações.
As importações da China recuaram 3,4% em maio em relação ao mesmo período do ano passado, intensificando a queda de 0,2% observada em abril. O resultado também ficou aquém das expectativas, que previam uma retração de 0,9%.
Nos meses de março e abril, as exportações chinesas haviam crescido 12,4% e 8,1%, respectivamente. O avanço ocorreu diante da corrida das fábricas para enviar produtos aos EUA e a outros mercados antes que novas tarifas entrassem em vigor, em resposta às políticas protecionistas do então presidente americano, Donald Trump.
Apesar de Pequim e Washington terem acordado a suspensão da maioria das tarifas por um período de 90 dias em maio, as tensões comerciais entre as duas potências permanecem elevadas. Representantes comerciais de ambos os países se reúnem em Londres nesta segunda-feira para retomar as negociações, após um telefonema entre os principais líderes na semana passada. Entre os temas discutidos estão os controles sobre terras raras e a questão de Taiwan.
As compras chinesas de produtos norte-americanos também diminuíram, com uma queda de 18,1% em maio, após o recuo de 13,8% em abril.
O superávit comercial da China aumentou para US$ 103,22 bilhões em maio, superando os US$ 96,18 bilhões registrados no mês anterior.
Os dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas indicam que as pressões deflacionárias se intensificaram. O índice de preços ao produtor (PPI) caiu 3,3% em maio na comparação anual, após uma retração de 2,7% em abril — a maior queda em 22 meses. A expectativa era de uma queda de 3,2%.
Já o índice de preços ao consumidor (CPI) recuou 0,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, repetindo a taxa de abril. A previsão era de uma queda de 0,2%. Em termos mensais, o CPI caiu 0,2%, revertendo a alta de 0,1% observada em abril, e em linha com o esperado pelos analistas.
A economia chinesa segue pressionada pela demanda doméstica frágil. Mesmo com medidas recentes de apoio do governo, o consumo interno não dá sinais de recuperação robusta, o que adiciona mais desafios ao cenário econômico da segunda maior potência global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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