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EUA impõem tarifa de 50% e ameaçam mercado de subprodutos do suco de laranja brasileiro

Medida pode gerar perdas superiores a R$ 2,9 bilhões para a indústria nacional, afetando exportações e competitividade no setor


Publicado em: 13/08/2025 às 10:10hs

EUA impõem tarifa de 50% e ameaçam mercado de subprodutos do suco de laranja brasileiro

O setor exportador brasileiro de suco de laranja enfrenta perdas significativas devido à tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre subprodutos da cadeia citrícola, mesmo com o suco em si estando fora dessa sobretaxa. A combinação do impacto tarifário e da queda nos preços internacionais pode gerar prejuízos totais superiores a R$ 2,9 bilhões na safra 2024/25.

Impacto da tarifa de 50% sobre subprodutos do suco de laranja

Embora o suco de laranja não tenha sido incluído na tarifa de 50% imposta pelos EUA, os subprodutos, que faturaram US$ 177,8 milhões na última safra (equivalentes a R$ 973,6 milhões), foram diretamente afetados pela sobretaxa. Essa taxação inviabiliza economicamente as exportações desses insumos essenciais para diversos setores, especialmente bebidas e cosméticos.

Perdas estimadas chegam a R$ 1,54 bilhão só com subprodutos

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), o prejuízo imediato para o setor com os subprodutos alcança R$ 973,6 milhões. Somado ao impacto da tarifa de 10% aplicada sobre o suco de laranja, estimado em R$ 566,7 milhões, o total ultrapassa R$ 1,54 bilhão.

Uso dos subprodutos na indústria americana e efeitos da sobretaxa

Nos EUA, cerca de 58% do consumo de suco é de suco reconstituído — concentrado a 66% de sólidos e diluído posteriormente para 12% no preparo final. Ingredientes como células cítricas e óleos essenciais, fundamentais para sabor e aroma, estão sujeitos à tarifa de 50%, o que dificulta a comercialização.

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, destaca:

“Essa sobretaxa inviabiliza operações, prejudicando a experiência do consumidor americano e impactando negativamente toda a cadeia brasileira.”

Exportações brasileiras de óleos essenciais para os EUA também sofrem impacto

Os óleos essenciais extraídos da laranja são essenciais para a indústria cosmética, conferindo notas cítricas a perfumes. Os EUA absorvem fatias importantes dessas exportações brasileiras: cerca de 36% do óleo prensado, 39% do óleo comum e quase 60% do d-limoneno, utilizado em fragrâncias e solventes naturais. A tarifa elevada representa um grande desafio para esses setores.

Queda nos preços internacionais agrava situação do setor

Além da tarifa, o setor enfrenta forte retração nos preços internacionais do suco, reflexo do aumento de 36% na oferta de frutas em comparação à safra anterior, segundo o Fundecitrus. O preço médio da tonelada exportada para os EUA caiu 20,17%, de US$ 4.243 para US$ 3.387 (cotação de 7 de agosto).

Essa desvalorização, mantido o volume exportado, pode gerar uma perda de receita de aproximadamente US$ 261,8 milhões, equivalentes a R$ 1,43 bilhão.

Perdas totais do setor podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões na safra 2024/25

Somando os efeitos das tarifas e a queda das cotações, o prejuízo total do setor exportador brasileiro de suco de laranja pode ultrapassar R$ 2,9 bilhões.

Para Ibiapaba Netto:

“Embora o setor tenha sido incluído na lista de exceções para o suco, os impactos da sobretaxa sobre os subprodutos e o cenário desafiador do mercado neste ano são expressivos.”

Fonte: Portal do Agronegócio

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