Publicado em: 19/06/2015 às 18:20hs
O Federal Reserve deu sinais de que está inclinado a aumentar os juros até o fim do ano, agora que os indícios de desaceleração da economia dos Estados Unidos começam a se dissipar. Mas o ritmo da alta de juros pode ser mais lento do que os dirigentes do banco central americano previram. Por ora, o Fed afirmou que a taxa referencial de juros "continua adequada".
Expectativa - Nas previsões sobre o cenário de juros que o Fed divulgou nesta quarta-feira (17/06), 15 entre 17 dirigentes disseram que esperam começar a aumentar os juros de curto prazo antes do fim de 2015. As projeções indicam que as autoridades estão gravitando na direção de uma alta de 0,25 a 0,5 ponto percentual até dezembro. Isso tiraria a taxa de referência do nível próximo a zero em que está desde dezembro de 2008.
Consenso - Na última vez que o Fed fez projeções como essa, parecia estar se formando um consenso no banco em torno de duas altas neste ano. O Fed também reduziu em 0,25 ponto percentual suas projeções para as taxas de juros em 2016 e 2017. A mudança sinaliza que o banco central ficou menos seguro quanto ao vigor da economia americana no longo prazo e sua capacidade de suportar juros muito mais altos. De fato, o crescimento da produção neste ano parece novamente destinado a frustrar as expectativas do Fed.
Sem exageros - Numa coletiva de imprensa realizada após a reunião de política monetária, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse que a importância do aumento inicial de juros "não deve ser exagerada". Ela enfatizou que, mesmo depois da primeira alta, a política do Fed ainda vai continuar sendo amplamente acomodatícia.
Melhora - O Fed "continua a julgar que o primeiro aumento na taxa de fundos federais será apropriado quando tiver visto uma melhora maior no mercado de trabalho e uma confiança razoável de que a inflação vai voltar à meta de 2% [ao ano] no médio prazo", acrescentou ela. "Na nossa reunião encerrada hoje, o Comitê [Federal de Mercado Aberto] concluiu que essas condições ainda não foram atingidas."
Ações e títulos - As ações e títulos de dívida subiram nos EUA depois do comunicado do Fed, já que investidores viram que a alta dos juros deve ser mais lenta que o esperado. "O Fed não nos deu muita informação nova", diz Gary Pollack, que ajuda a administrar US$ 12 bilhões como responsável pelas operações de renda fixa na unidade de gestão de fortunas do Deutsche Bank em Nova York. "A conclusão é que eles continuam pretendendo subir os juros neste ano, mas o ritmo vai ser lento."
Avanço - Nesta terça-feira (17/06), a Média Industrial Dow Jones subiu 31,26 pontos, ou 0,17%, para 17.935,74, e os preços das notas do Tesouro (Treasurys) de dez anos, referência para o mercado, avançaram ligeiramente, com o rendimento caindo para 2,305% ao ano. (O rendimento cai quando os preços sobem e viceversa.)
Atenção - A reunião de junho recebeu uma atenção considerável porque os dirigentes do Fed declararam, em março, que uma alta dos juros seria possível se a economia tivesse um desempenho conforme as expectativas. No começo do ano, muitas autoridades do banco acreditavam que uma alta dos juros em junho era um cenário provável. Mas um inverno rigoroso nos EUA, que afetou a atividade econômica, frustrou esses planos e muitos investidores agora preveem que o primeiro aumento dos juros vai ocorrer em setembro.
Aos poucos - Durante a coletiva de imprensa, Yellen disse também que o comitê vai decidir quando começar a elevar as taxas dos fundos federais "de reunião em reunião", dependendo da avaliação que fizer dos "dados econômicos recebidos e de suas implicações no cenário econômico".
Alívio - Num comunicado de política que acompanhou suas novas projeções para a economia e os juros, o Fed apontou com algum alívio para uma melhoria no panorama econômico, depois que a economia americana se contraiu no primeiro trimestre. E, embora a inflação continue abaixo da meta de 2%, o Fed observou que os preços dos combustíveis se estabilizaram depois de terem empurrado a inflação para baixo.
Mediana - A mediana das estimativas de juros para 2016 caiu para 1,625% ao ano, comparada com a previsão de 1,875% feita em março. A mediana das estimativas para 2017 recuou para 2,875% ao ano, ante 3,125% em março. Nas projeções econômicas que acompanharam o seu comunicado, o Fed revisou para baixo a estimativa de crescimento econômico nos EUA em 2015. Em março, o Fed previu que a produção econômica iria se expandir de 2,3% a 2,7% neste ano. Nessa mais recente projeção, a estimativa de crescimento caiu para entre 1,8% a 2%.
Fonte: Informe OCB
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