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Emergentes precisam agir para evitar riscos pós-Fed

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre estabilidade financeira global diz que países emergentes, como o Brasil, sofrem intensa pressão desde 22 de maio


Publicado em: 10/10/2013 às 11:20hs

Emergentes precisam agir para evitar riscos pós-Fed

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre estabilidade financeira global diz que países emergentes, como o Brasil, sofrem intensa pressão desde 22 de maio, quando o Federal Reserve, o Banco Central americano, anunciou a intenção de reduzir a política de estímulos financeiros, e alerta que os governos dessas nações precisam agir para evitar riscos.

Os títulos e as moedas do Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia sofreram intensa pressão desde maio, enquanto os déficits em conta corrente persistiram, a inflação permanece em níveis elevados e a política monetária permaneceu limitada frente à desaceleração do crescimento , diz o documento.

O estudo destaca que uma abordagem prudente nas políticas macroeconômicas e fiscais, junto com a manutenção de um sistema financeiro robusto, contribuiu para a resistência desses países diante das dificuldades enfrentadas nos últimos meses.

Assim que o texto foi divulgado, na manhã de ontem, o diretor do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais, José Viñals, defendeu que o Fed comunique claramente a sua estratégia de atuação para reduzir a volatilidade nos mercados, que, segundo ele, continua a ser direcionada pelas expectativas da política monetária nos EUA. Uma transição mais suave para a normalização monetária vai exigir uma clara estratégia de comunicação do Fed para minimizar as taxas de volatilidade, assim como uma execução efetiva na linha com o desenvolvimento econômico , afirmou Viñals.

O relatório do FMI ressalta que os mercados emergentes tornaram-se mais vulneráveis durante a transição para um ambiente financeiro mais desafiador . Em 12 semanas, a partir de 22 de maio, ativos sob a gestão dos emergentes e fundos de renda fixa caíram 7,6%, o equivalente a US$ 19 bilhões. Esse recuo foi muito menor do que o ocorrido em 2008, quando os ativos dos emergentes caíram 36%, ou US$ 26 bilhões, apenas entre setembro e outubro daquele ano, no início da crise americana.

Segundo o estudo, os países emergentes precisam cuidar de desequilíbrios macroeconômicos, fortalecer a credibilidade de suas políticas e reconstruir o espaço para reduzir as vulnerabilidades até as condições financeiras normalizarem .

Na avaliação de Viñals, o sistema financeiro global enfrenta duras transições rumo à estabilidade. Essas transições vão trazer vários desafios, pois estão acompanhadas de riscos substanciais , enfatizou. A primeira transição está ocorrendo nos Estados Unidos, onde, após um período de acomodação monetária, com a política de juros baixos e os estímulos financeiros do Fed, deve vir a normalização das condições monetárias. A segunda transição está ocorrendo nos mercados emergentes que encaram condições de maior volatilidade externa e maiores riscos . Ambas se relacionam.

Viñals lembrou que, desde a crise americana, o fluxo para títulos de países emergentes aumentou em mais de US$ 1 trilhão. Segundo ele, deixar o câmbio flutuar de acordo com os fundamentos da economia é a resposta mais adequada para esses países num cenário de reversão desses fluxos, com intervenções sendo desejáveis para evitar ajustes desordenados.

O relatório destacou também o papel dos investidores estrangeiros nos mercados de dívida locais. A liquidez do mercado se deteriorou nos últimos anos, tornando as taxas de juros locais mais sensíveis às mudanças nos anseios dos investidores. Ao mesmo tempo, os balanços das empresas se enfraqueceram, vulnerabilidades financeiras aumentaram e o crescimento econômico está mais lento. Isso expõe os países emergentes a tensões no mercado .

Nas economias que estão enfrentando significativas saídas de capitais, é necessário, segundo Viñals, garantir condições ordenadas de mercado e facilitar ajustes mais suaves em investimentos em carteira, como ações e renda fixa. Manter os mercados emergentes resistentes também exige que os países saibam lidar com as vulnerabilidades domésticas e fortaleçam a credibilidade de suas políticas , afirmou.

Fonte: Canal do Produtor

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