Publicado em: 11/12/2014 às 11:45hs
O nervosismo generalizado atingiu em cheio as economias que, além de serem produtoras do combustível, apresentam fragilidades como baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), inflação elevada e alto deficit nas contas externas.
Não por acaso, no Brasil, o dólar teve mais um dia de alta e atingiu o maior patamar em nove anos. Após ter caído abaixo de R$ 2,60 na véspera, a moeda norte-americana avançou 0,56% ontem e encerrou a sessão negociada a R$ 2,612 para a venda.
Não foi um movimento restrito ao país. "Essa alta do dólar dos últimos dias afeta praticamente todos os países exportadores de commodities", alertou o vice-presidente de Tesouraria do BI&P Indusval & Partners, Gil Faiwichow. Ele mencionou, por exemplo, as quedas do peso mexicano, de 0,87%, do dólar canadense, de 0,42%, e até mesmo da coroa norueguesa, de 0,78%. "Enquanto não houver uma sinalização clara de aumento nos preços do Petróleo nos mercados internacionais, essa tensão deve persistir", emendou.
Pelo menos por enquanto, nada parece indicar que as cotações do produto devem subir. Muito pelo contrário. Um relatório divulgado ontem pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos indicou que as reservas de óleo do país aumentaram em 1,4 milhão de barris na semana encerrada em 5 de dezembro. As apostas dos analistas eram que os EUA, um dos maiores produtores mundiais, teria reduzido as reservas.
Nesse cenário, ganha quem depende do Petróleo apenas para o consumo, como diversos países da Europa e o Japão. Por isso, não foi surpresa que tanto o euro quanto o iene tivessem se valorizado ontem. "Para esses países, a maior produção e o menor preço do insumo são favoráveis", assinalou o analista da BI&P Indusval & Partners.
Fed
Para piorar, a ameaça de um novo ciclo de elevações nos juros nos Estados Unidos e o possível impacto desse aperto monetário sobre os mercados financeiros mundiais levaram muitos investidores a vender ativos em países considerados de maior risco e a buscarem proteção no dólar.
Dados do Banco Central divulgados ontem mostram, por exemplo, que a saída de recursos em moeda estrangeira superou a entrada no país em US$ 367 milhões na primeira semana de dezembro. No segmento que mede apenas as operações relativas à balança comercial, houve superavit de US$ 687 milhões. O resultado, no entanto, foi superado pelo deficit de US$ 1,053 bilhão registrado na conta financeira.
Resultados negativos nessa conta normalmente ocorrem no fim do ano, observou o economista Vagner Alves, da gestora de recursos Franklin Templeton Investments. "Há sempre uma pressão em dezembro porque muitas empresas multinacionais remetem lucros e dividendos para as matrizes", disse. Neste ano, porém, a intensidade de saída é maior. O fluxo cambial ainda está positivo em US$ 4,396 bilhões, mas. em 2013, no mesmo período, o saldo era de US$ 6,132 bilhões.
Fuga de capitais
O Fed, o Banco Central dos EUA, deverá elevar os juros da maior economia do mundo na primeira metade de 2015, conforme é consenso entre analistas de mercado financeiro. Uma alta das taxas nos EUA tende a provocar uma saída maior de recursos aplicados em economias consideradas frágeis, como o Brasil. Significaria uma pressão adicional sobre as contas externas, que acumulam rombo significativo. Pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI) o Brasil é o emergente mais endividado.
Fonte: Correio Braziliense
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