Publicado em: 30/07/2025 às 16:00hs
A escalada recente da tensão entre Irã e Israel no Oriente Médio tem reverberado rapidamente nas cadeias produtivas brasileiras, afetando especialmente os insumos agrícolas. A produção de fertilizantes nitrogenados, em especial a ureia, sofreu com interrupções no Irã e Egito — fornecedores estratégicos — provocando alta nos preços. O Brasil, que importa mais de 85% de seus fertilizantes, com 17% da ureia originária do Irã, encontra-se em posição vulnerável diante desse cenário.
Além disso, a cotação do petróleo Brent subiu mais de 7%, elevando o preço do diesel importado em até 15%. Esse aumento impacta diretamente custos de transporte, manejo e logística, pressionando o orçamento diário dos produtores rurais.
O aumento dos preços dos insumos reverbera nos preços da soja, milho e ração animal, comprimindo as margens dos produtores que ainda não conseguiram repassar esses custos ao mercado. Esse efeito dominó exige atenção constante para ajustar estratégias e evitar perdas.
O agronegócio brasileiro depende de rotas marítimas críticas, como o Canal de Omã e o Estreito de Ormuz, que estão sob pressão devido à instabilidade regional. Qualquer bloqueio ou alteração nessas rotas pode elevar ainda mais os custos logísticos e impulsionar o preço do petróleo. Embora improvável, essa possibilidade deve ser considerada diante da volatilidade do cenário.
Países como Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes são destinos de cerca de 7% das exportações brasileiras de proteína animal. Uma crise logística na região poderia interromper embarques e criar gargalos no abastecimento.
Apesar dos desafios, a safra brasileira de 2025/26 está acima da média histórica, com produção e vendas em crescimento. A volatilidade abre oportunidades para quem estiver bem informado, preparado para antecipar compras e fixar preços. O custo global da alimentação animal permanece competitivo, fortalecendo a posição do Brasil como fornecedor mundial.
Diante da alta dos insumos, o equilíbrio financeiro torna-se delicado. É fundamental contar com análises confiáveis, previsões fundamentadas e capacidade de agir rapidamente — tomando decisões antecipadas, protegendo margens, ajustando contratos e reduzindo custos. A inteligência no campo não é mais um luxo, mas um escudo indispensável para garantir sustentabilidade.
A crise no Oriente Médio é um alerta de que eventos distantes podem gerar impactos profundos no Brasil. O produtor rural precisa incorporar informação, estratégia e resiliência em sua rotina para manter o agro brasileiro competitivo e sustentável. Afinal, o Brasil é um celeiro do mundo, mas só será um celeiro conectado, eficiente e pronto para enfrentar qualquer tempestade global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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