Publicado em: 11/11/2013 às 13:10hs
A oferta foi mencionada nesta quinta-feira (07/11) pelo vice-presidente da China, Li Yuanchao, ao vice-presidente da República, Michel Temer, em encontro no Palácio do Povo, em Pequim. É o mesmo tipo de iniciativa que Pequim tem com a Venezuela e faz parte da estratégia do país de assegurar acesso às commodities de que necessita.
Patamar - Mais tarde, o presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou a Temer que Pequim quer elevar o patamar das relações econômicas e comerciais com o Brasil. Para isso, sugeriu aproveitar o aniversário de 40 anos de reatamento das relações diplomáticas e dos 20 anos da parceria estratégica. "Convidamos os chineses para investir no Brasil nessas coisas todas que estamos fazendo, e ele [o vice-presidente chinês] disse que os bancos chineses podem financiar e seriam ressarcidos com o produto financiado, como petróleo, gás e outros", disse Temer.
Modelo - A China mencionou o modelo do Fundo de Investimento China-Venezuela, pelo qual já teria fornecido crédito de até US$ 32 bilhões ao país sul-americano em troca de petróleo. "Ele abordou o modelo venezuelano", confirmou Temer, reiterando que os chineses enfatizaram que os bancos estão dispostos a financiar projetos no Brasil.
Oferta - O vice-presidente brasileiro afirmou que levará a oferta ao Brasil. "O Brasil tem que investir muito no campo de Libra, onde a Petrobras ficou com grande parte. Se eventualmente houver um financiamento chinês, o que o Brasil pode fazer é pegar o dinheiro, que será pago com produtos, e aplicar em outras coisas em nosso país."
Pontos - Fontes que conhecem bem os chineses ressaltam dois pontos. Primeiro, a diferença de situação entre o Brasil e a Venezuela. Os venezuelanos usam o crédito chinês quase como um orçamento paralelo. A oposição acusa o governo de ter hipotecado as reservas de petróleo do país para ter um mecanismo de investimento do qual até hoje não se sabe precisamente quanto Caracas recebeu e o que tem feito com o dinheiro.
Mercado - Além disso, a China empresta nas condições do mercado. O BNDES chegou a obter empréstimo chinês, que resolveu engavetar, ao constatar que poderia obter a mesma quantia com taxa de juro menor no mercado internacional. Fonte que conhece bem os acordos feitos pelos chineses diz ainda que, pelo menos do ponto de vista jurídico, o financiamento de US$ 10 bilhões obtido pela Petrobras há alguns anos, e que está sendo pago com petróleo, e o Fundo China-Venezuela são modelos diferentes.
Ferrovia - Os chineses mostraram interesse na participação em projetos de ferrovia no Brasil. Segundo o vice-presidente Li Yuanchao, a experiência chinesa mostra que, para desenvolver a economia, é necessário desenvolver a indústria, e para desenvolver a indústria é preciso ter bom sistema de transportes. O Banco de Desenvolvimento da China, uma espécie de BNDES gigante, colocou no seu radar a ferrovia Cuiabá-Santarém, segundo fontes. O representante do banco chinês recebeu agora visto de permanência de um ano, quando antes tinha visto de três ou seis meses, diante da movimentação para financiar projetos no Brasil.
Burocracia - Juntamente com a promessa de investimentos, os chineses podem insistir na demanda de derrubada da "burocracia de contratos" no Brasil, o que para eles significa receber sinal verde para a entrada de trabalhadores chineses nos projetos que financiarem, como é feito na África. O Brasil recusa isso. "Se houver médico chinês disposto a ir trabalhar no Brasil, a possibilidade de visto é mais rápida', respondeu Temer, ao ser indagado por um jornalista da imprensa chinesa sobre a possibilidade de um cidadão chinês obter visto de trabalho.
Reformas - O vice-presidente chinês sugeriu ao Brasil ficar atento às reformas que Pequim está fazendo, que, segundo ele, abrirão mais possibilidades para o Brasil, por exemplo com ampliação da importação chinesa de produtos brasileiros de maior valor agregado, que é uma demanda frequente de Brasília. Mais de 80% das exportações brasileiras para a China em 2012 foram compostas de apenas três commodities - minério de ferro, soja e petróleo -, enquanto 97% das exportações chinesas foram produtos manufaturados.
Luz verde - Na conversa com o representante brasileiro, Li Yuanchao reiterou que, na relação bilateral, deve-se incentivar a luz verde, usar raramente a luz amarela e nunca usar a luz vermelha. Temer viu nisso um sinal de que o embargo sobre a carne bovina será suspenso com mais rapidez.
Fonte: Ocepar
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