Internacional

Café e cacau podem ficar isentos de tarifas nos EUA em novos acordos comerciais, afirma secretário de Comércio

Isenção valerá para produtos naturais não cultivados nos Estados Unidos; Brasil, sem acordo com os EUA, pode ser afetado por possível tarifa de 50%


Publicado em: 29/07/2025 às 19:20hs

Café e cacau podem ficar isentos de tarifas nos EUA em novos acordos comerciais, afirma secretário de Comércio
Produtos naturais não cultivados nos EUA poderão ter tarifa zero

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira que produtos naturais que não são cultivados em território norte-americano, como café e cacau, poderão ser isentos de tarifas de importação em futuros acordos comerciais com países produtores. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Squawk Box, da rede CNBC.

Segundo Lutnick, o ex-presidente Donald Trump, em negociações passadas, já havia concordado em zerar as tarifas desses recursos naturais em acordos comerciais, como os firmados com a Indonésia e a União Europeia. “Se você cultiva algo que nós não cultivamos, isso pode custar zero. Se fizermos um acordo com um país que cultiva manga ou abacaxi, esses produtos podem entrar sem tarifa. Café e cacau são outros exemplos”, explicou.

Acordo com a Indonésia abre caminho para isenções

Lutnick citou como exemplo o Acordo de Comércio Recíproco entre os Estados Unidos e a Indonésia, divulgado na semana passada pela Casa Branca. O texto prevê a possibilidade de os EUA identificarem "certas commodities que não estão naturalmente disponíveis ou produzidas internamente" como elegíveis para reduções tarifárias adicionais.

Apesar da Indonésia aceitar uma tarifa de 19% sobre a venda de seus produtos aos EUA, o país poderá, futuramente, contar com tarifa zero para produtos como café, cacau ou outros itens tropicais.

Europa também pode se beneficiar

Durante a entrevista, o secretário também mencionou a União Europeia como exemplo de beneficiada por essa política tarifária. Ele citou o caso da cortiça europeia, que poderá entrar no mercado norte-americano isenta de impostos.

Brasil ainda sem acordo e sob risco de tarifa elevada

Apesar das possíveis isenções para países com acordos firmados, Howard Lutnick não comentou a situação de países que ainda não possuem tratados comerciais com os Estados Unidos — como o Brasil.

O país, que é responsável por aproximadamente um terço do café consumido nos EUA — maior mercado global da bebida —, pode ser duramente impactado por uma eventual tarifa. O ex-presidente Donald Trump chegou a ameaçar impor uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida também possui viés político, pois está ligada a críticas do ex-presidente norte-americano sobre o tratamento judicial dado no Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.

Impactos potenciais no comércio de café

Caso a tarifa de 50% seja aplicada, o comércio brasileiro de café com os Estados Unidos poderá sofrer fortes impactos, dado o peso do Brasil como principal fornecedor da commodity. O tema gera preocupação entre produtores e exportadores, especialmente diante da ausência de um acordo formal entre os dois países.

Fonte: Portal do Agronegócio

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