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Brasil lidera perdas com recuperação dos EUA

O Brasil foi a economia emergente que mais sofreu com a mudança na política americana e com a postura do Fed (Banco Central dos Estados Unidos) em relação à recuperação de seu mercado


Publicado em: 09/12/2013 às 17:10hs

Brasil lidera perdas com recuperação dos EUA

Dados divulgados ontem pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) revelaram que, apenas no segundo trimestre de 2013, bancos internacionais retiraram US$ 20 bilhões do mercado financeiro do Brasil, o volume mais importante de recursos em todo o mundo em desenvolvimento.

No mundo, os créditos concedidos por bancos sofreram uma redução de US$ 515 bilhões nesse período, totalizando US$ 28,3 trilhões. A queda foi a primeira desde o fim de 2011 e voltou a mostrar como bancos e instituições financeiras tem hesitado em emprestar, principalmente nas economias ricas. Nos mercados desenvolvidos, a contração foi de US$ 470 bilhões e atingiu americanos, europeus e japoneses.

Mas ela também reflete o interesse de investidores em aplicar seus recursos em papéis do tesouro americano. Em maio, o Fed elevou suas taxas de juros e atraiu bilhões de dólares de investidores buscando lucros ao anunciar que voltaria a comprar ações. O resultado foi a fuga de capital de emergentes, levando moedas a sofrer desvalorizações importantes.

Quem mais sofreu foi a América Latina que, durante os anos da crise mundial, havia atraído capital graças às elevadas taxas de juros praticadas na região.

No Brasil, empréstimos estrangeiros denominados em dólares mais do que dobraram de 2009 a 2013, chegando a US$ 237 bilhões. Os créditos de bancos americanos para a América Latina também dobraram, chegando a US$ 130 bilhões. A queda, diante da elevação de juros do Fed, foi de 10%, a maior em todas as regiões do mundo.

A contração regional foi de US$ 27 bilhões. Mas quase todo o volume esteve concentrado no Brasil, com retração de US$ 20 bilhões nos empréstimos internacionais ao País. Os estoques de créditos internacionais no Brasil passou de US$ 324 bilhões em março para US$ 304 bilhões em junho. Ainda assim, o valor continua superior a dezembro de 2011, quando era de US$280 bilhões.

Na semanapassada, o prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz, já havia alertado que a dificuldade do Brasil crescer poderia estar vindo justamente da volatilidade causada pela entrada e saída de recursos. Se Brasília alega que a culpa é dos países ricos - primeiro por injetar recursos e praticar juros zero, e agora por elevar as taxas - Stiglitz argumenta que é o Brasil quem precisa reformar seu sistema financeiro e reduzir juros.

No México, a queda foi de US$ 7,5 bilhões. Nas demais regiões, economias emergentes também sofreram. A índia perdeu US$ 7,2 bilhões, contra US$ 6,3 bilhões na Coreia do Sul. A economia russa viu a fuga de US$ 8 bilhões. A mesma situação foi vivida por Polônia, Catar, Africa do Sul, entre outros mercados.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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