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Argentina fará oferta para a UE

A Argentina pretende elaborar uma proposta de negociação de um acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE), a partir da próxima semana, quando dará início a uma série de consultas às câmaras empresariais, segundo informaram fontes do governo argentino que pediram anonimato


Publicado em: 05/09/2013 às 12:50hs

Argentina fará oferta para a UE

Também está prevista uma reunião entre negociadores argentinos e brasileiros para conversar sobre a proposta do Brasil que oferece redução, em 10 anos, de tarifas de importação para 75% do comércio com a UE, conforme reportagem publicada pelo Estad® ontem.

"Vamos discutir com os nossos setores para desenhar nossa proposta que será negociada com os sócios do MercosuL Obviamente, pelo próprio peso, o que Brasil e Argentina acertarem, vai influenciar na posição dos sócios menores", afirmou uma das fontes oficiais.

Em princípio, a proposta de 75% não é polêmica e seria um "primeiro passo" para,pelo menos, iniciar as negociações, segundo afirmou um funcionário. Isso seria discutido nas conversas previstas. Porém, umanego- ciação mais ambiciosa e com ritmo maior, esbarra em problemas internos da Argentina.

"Pelo menos três situações impedem a Argentina de avançar nas negociações77, reconheceu uma das fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

A primeira delas diz respeito ao mercado de câmbio, no qual o país é obrigado a fechar as importações cada vez mais por causa da escassez de divisas. "Sofremos um ataque especulativo da moeda, que reduz o volume de divisas para sustentar uma liberalização do comércio."

Outra fonte comentou que o atual câmbio oficial de 5,60 pesos, enquanto o real desvalorizado acima de R$ 2 por dólar, coloca a Argentina em condição desfavorável para negociar com os europeus.

Esforços. A segunda situação está relacionada à ideologia de substituição de importações. "Não vejo a Argentina abrindo seus portos para receber manufaturas europeias depois dos esforços que temos feito nos últimos anos tentando recuperar nossa indústria", afirmou. A fonte destacou que a ideologia argentina defende o comércio administrado, o que é contrário de uma liberalização. Por último, o governo enfrenta um cenário político complexo que não dá margem para lidar com negociações internacionais, que não se encontram na lista de prioridades nacionais.

A Argentina tem eleições parlamentares em outubro e o governo tenta reverter uma derrota nas primárias, realizadas em agosto, nas quais ganhou em 8 dos 24 distritos.

"Este é o pior momento para dizer o que a presidente vai fa-zer porque há uma situação de reorganização de instrumentos de política para melhorar as margens do governo nas eleições", observou a fonte, explicando que a decisão sobre o que negociar com a UE será exclusivamente de Cristina Kirchner.

Outra fonte consultada afirmou que não há mudança na posição argentina desde a última reunião entre os dois blocos, em janeiro, no Chile. "A posição da Argentina é de menor abertura que o Brasil embora o Brasil tenha se mostrado mais prudente e cauteloso porque também enfrenta problemas internos"

Senado aprova reabertura de troca da dívida

O Senado da Argentina aprovou por maioria esmagadora projeto de lei para a reabertura de uma oferta de troca da dívida aos credores. O projeto foi enviado à Câmara baixa, onde deve ser votado em breve.

O swap de dívida tem como objetivo mostrar a disposição do país para fazer valer as suas dívidas e convencer a Suprema Corte dos Estados Unidos a derrubar uma decisão que obriga o país a pagar aos holdouts - investidores que não aceitaram a reestruturação anterior - o valor reclamado de US$ 1,3 bilhão.

A sentença do juiz Thomas Griesa, emitida em fevereiro de 2012, foi confirmada em novembro do mesmo ano pela Corte de Apelações, em favor dos fundos NML Capital, controlado por Elliot Management Corp, Aurelius Capital Management e outros 12 fundos, classificados pelo governo argentino como "abutres".

"Nós não podemos deixar que os fundos puxem para baixo o esforço de todos estes anos e o ágio que a Argentina tinha em pagamentos aos detentores de bônus", afirmou o senador Daniel Filmus, forte aliado da presidente Cristina Kirchner.

Na semana passada, a presidente argentina anunciou o plano para reabrir a reestruturação da dívida, a primeira parte de um projeto para tentar atrair os credores e transferir os títulos do exterior para a jurisdição local e fora do alcance de tribunais americanos.

A dívida soberana argentina soma hoje aproximadamente US$ 100 bilhões.

Fonte: O Estado de São Paulo

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