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América Latina: por que a região é estratégica para a segurança alimentar do mundo?

Espaço, tecnologia e clima: o resultado operacional que pode garantir que não falte alimento na mesa da população mundial


Publicado em: 17/06/2022 às 13:00hs

América Latina: por que a região é estratégica para a segurança alimentar do mundo?

Vinte países, quase 600 milhões de habitantes e uma área territorial que equivale a 14% da superfície da Terra. Formada por grandes potências globais, a América Latina é marcada pela diversidade, pela disponibilidade de recursos humanos e naturais e pelas riquezas culturais e patrimoniais que estão enraizadas na história dos povos de origem latina. O trabalho desenvolvido aqui tem influência direta na conjuntura geopolítica global.

A América Latina apresenta um cenário econômico em constante consolidação e robustez. Os pilares da economia latino-americana são as atividades do setor primário, com destaque principal para a produção agropecuária e a extração vegetal, animal e mineral.  Mas foi na última década – e assim será para as próximas – que a região se consagrou como maior produtora de alimentos básicos e líder em exportação líquida de alimentos. Inclusos nesse contexto, o Brasil e a Argentina têm grande destaque, ocupando o segundo e o terceiro lugar entre os maiores hectares de cultivos transgênicos, de acordo com relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA), divulgado em 2020.

Em fevereiro de 2022, o aumento da tensão política entre Rússia e Ucrânia e a eclosão da guerra passaram a gerar incerteza em relação à produção e ao abastecimento global de alimentos, e voltaram ainda mais os olhos do mundo para a América Latina.

Esse panorama turbulento vem evidenciando ainda mais o vigoroso potencial produtivo da região. Em meio a um conflito armado, os países latinos podem desempenhar um papel fundamental na produção de alimentos, garantindo a disponibilidade de produtos agropecuários no mercado durante a guerra. De acordo com Vinícius Melo, Diretor Comercial da Valley, essa perspectiva se deve a um conjunto de fatores determinantes para a produtividade.

“Temos dois players importantes no mercado – Ucrânia e Rússia – em guerra. Essas nações não estão preocupadas em produzir agora. Estão preocupadas em ganhar a guerra. É nesse lance que a América Latina se torna o novo centro de distribuição do mundo. É o único lugar do mundo que está preparado com tecnologia, com espaço e com possibilidades, que seriam os insumos, para produzir alimento em larga escala e atender essa demanda crescente. Uma demanda que vai ficar cada vez mais reprimida mundialmente, em função dos estoques baixos de alimentos no mundo”, pontua.

Após um trimestre de conflito, os impactos já podem ser sentidos no setor agropecuário, aumentando ainda mais a expectativa. A inflação em escalada, a restrição de insumos agrícolas e o atraso nas safras de grãos têm sido obstáculos para as principais nações produtoras da Europa e da América do Norte, ameaçando a segurança alimentar do planeta.

Os diferenciais da América Latina. Maior disponibilidade global de água, terra fértil, biodiversidade, disponibilidade de recursos naturais energéticos e área disponível para plantio são os principais atrativos latinos. As boas condições se aplicam a praticamente todos os países, que se tornam players importantes no cenário, principalmente o Paraguai, a Bolívia, a Colômbia, o México, a Nicarágua e, claro, o Brasil. 

"Aqui, temos uma área já aberta para agricultura. Não é preciso aumentar o espaço para plantio, não precisamos desmatar. Conseguimos, neste mesmo local, aumentar a produção de alimentos", descreve Cristiano Del Nero, diretor-presidente da Valmont no Brasil, destacando ainda que no Brasil o respeito ao título de propriedade é respeitado. "Em muitas regiões, os produtores têm apenas a concessão da terra e, por isso, não é fácil produzir do dia para noite. Aqui, conseguimos ter esforços neste sentido, porque o agricultor tem a segurança jurídica da posse da terra".

Aliadas à tecnologia, essas riquezas podem ser a chave para garantir a segurança alimentar global. A irrigação tem papel fundamental na produtividade do setor agro latino. Segundo Del Nero, o incremento gerado pelos irrigantes possibilita o alcance de um pico produtivo exclusivamente latino.

“O clima úmido da América Latina, associado à irrigação e à fertilidade do solo dessa região, possibilita a produção de cinco safras em dois anos. Esse é o único lugar do mundo em que isso é possível. Aqui, tecnologia e clima se complementam, formando uma força produtiva que pode, sem dúvidas, garantir a disponibilidade de alimentos durante esse momento tão delicado”, afirma. 

Além de contribuir para a formação de um mercado cada vez mais competitivo, a descentralização da produção europeia certifica a segurança alimentar, garantindo que, mesmo em meio à guerra, a produção de alimentos esteja apta a cobrir a demanda global.

Possibilitando um incremento produtivo direto de cerca de 30%, a irrigação é uma das chaves para garantir o fortalecimento da produção agrícola latina durante um período de incertezas e escassez. Com tecnologia, ciência e trabalho árduo, o setor é capaz de enfrentar todas as adversidades e assegurar que não falte alimento no prato do consumidor.

Fonte: Na Mídia Assessoria

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