Publicado em: 09/06/2014 às 11:30hs
Mas as importações surpreendentemente fracas geraram preocupação com a demanda interna e com a continuidade da desaceleração observada no início do ano.
As exportações subiram 7% em relação a maio de 2013, segundo dados divulgados ontem pelo governo chinês. Os números ficaram em linha com as expectativas do mercado, de avanço de 7,2%, e significaram também um progresso considerável em relação à alta de 0,9% de abril e à queda de 2,3% registrada nos primeiros quatro meses de 2014 ante um ano atrás.
"As exportações estão virando", diz Larry Hu, economista da consultoria australiana Macquarie. "Elas estão a caminho de uma recuperação estável neste ano."
O aumento nas exportações provavelmente reflete o fim das distorções na comparação com os dados de um ano atrás.
No início de 2013, muitos exportadores superfaturaram suas exportações para burlar o controle cambial da China e trazer divisas para o país, com o intuito de aproveitar a valorização do yuan. A prática foi reduzida depois que as autoridades alertaram, em maio do ano passado, que iriam impor duras punições a empresas que fossem flagradas falsificando dados.
Para analistas, o yuan um pouco mais fraco (a moeda chinesa caiu 3% ante o dólar no ano até agora) também pode ter contribuído para a alta nas exportações de maio.
A queda de 1,6% nas importações foi preocupante devido à previsão de alta de 6% feita por analistas a pedido do The Wall Street Journal. "A continuação do fraco desempenho nas importações parece refletir o crescimento lento da demanda na economia chinesa", escreveu Louis Kuijs, do Royal Bank of Scotland, em nota para clientes.
O crescimento econômico da China recuou para 7,4% no primeiro trimestre de 2014, comparado com um avanço de 7,7% no último trimestre do ano passado.
Pequim está tentando impulsionar a demanda interna com uma série de medidas como o aumento de investimentos em ferrovias e incentivos fiscais para pequenas empresas, no que vem sendo chamado de pacote de "miniestímulos".
Recentemente, o governo chinês pediu a governos locais que acelerassem investimentos em projetos já aprovados (onde o dinheiro já foi alocado) ou correriam o risco de perder os recursos. E também ordenou que os bancos comerciais fornecessem financiamentos para ajudar o importante e debilitado setor imobiliário.
Os preços de imóveis caíram em maio em relação a abril, a primeira queda mensal em quase dois anos, segundo dados não oficiais. Dados oficiais mostraram recuo de quase 25% na construção de novos imóveis no primeiro quadrimestre.
Analistas dizem que o pacote de "miniestímulos" pode estar funcionando, como sugere a alta, em maio, do índice oficial de gerentes de compras, um indicador da atividade industrial. Acrescentam que as importações podem começar a se recuperar nos próximos meses.
Alguns analistas disseram ainda que uma fiscalização mais rigorosa do uso de commodities como garantia de empréstimos pode ter esfriado a demanda por minério de ferro e cobre importados.
"Vimos alguns bancos comerciais locais e estrangeiros começarem a suspender financiamento de [compras de] metais nas últimas semanas", escreveu Zhang Fan, economista da CIMB Securities, numa nota de análise.
Fontes do setor bancário disseram que estão suspendendo certos tipos de empréstimo nessa área por suspeita de que certas empresas estariam cometendo irregularidades no uso de matérias-primas como garantia de empréstimos.
As exportações da China tiveram uma alta generalizada em maio, com as vendas para a União Europeia subindo 13,4% e as para os EUA, 6,3%, segundo os dados oficiais. As exportações para a Tailândia, para a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e para o Japão subiram, respectivamente, 14,7%, 9,1% e 2,2%.
A alta nas exportações e a queda nas importações produziram um superávit comercial de US$ 35,9 bilhões em maio, bem acima dos US$ 18,45 bilhões de abril e dos US$ 23,4 bilhões estimados por analistas.
Fonte: Canal do Produtor
◄ Leia outras notícias