Publicado em: 06/01/2025 às 11:05hs
Agricultores franceses ligados à Coordenação Rural (CR), o segundo maior sindicato agrícola da França, organizam um protesto em Paris nesta segunda-feira (6/1) para expressar descontentamento com as políticas do governo relacionadas à agropecuária. O grupo busca respostas do primeiro-ministro François Bayrou sobre ações para proteger pequenos produtores, que, segundo o sindicato, têm sido prejudicados pelas dinâmicas do livre-comércio.
A entidade exige duas medidas prioritárias: a redução da sobrerregulamentação comercial imposta pela União Europeia na França e o estabelecimento de controles sobre importações de produtos agrícolas. Apesar de o primeiro-ministro ter agendado uma reunião com os quatro maiores sindicatos agrícolas para o dia 13 de janeiro, a CR considera a data “tarde demais” e optou por convocar manifestações antes disso.
Sophie Lenaerts, presidente do sindicato no departamento de Oise, reforçou o descontentamento em entrevista à rádio RTL no domingo (5/1). Segundo Lenaerts, os agricultores estão "afogados em normas" e aguardam maior sensibilidade de Bayrou, que tem origens no campo e experiência como agricultor e criador de cavalos. Ela criticou a falta de urgência do governo, especialmente diante da tradição do Dia de Reis, celebrada nesta segunda-feira no Palácio de Matignon: “Se é possível festejar, também é possível trabalhar e nos receber.”
O movimento ocorre em um contexto de dificuldade crescente para os agricultores, marcado por crises sanitárias, econômicas e climáticas, agravadas pela inflação dos custos de produção. Véronique Le Floc’h, presidente do movimento, destacou que muitos agricultores enfrentam dificuldades financeiras severas, apesar de auxílios emergenciais concedidos no último ano.
A manifestação coincide com o lançamento oficial da campanha para as eleições das câmaras de agricultura, que começam em 7 de janeiro. O pleito, programado entre 15 e 31 de janeiro, definirá a nova distribuição de forças entre os sindicatos agrícolas, entre os quais a FNSEA permanece como o mais representativo, segundo os últimos resultados.
Os agricultores que participam do protesto vêm de diversas regiões da França. Na manhã desta segunda-feira, bloqueios de estradas são esperados em Lyon e em áreas próximas a Paris. Autoridades locais, incluindo as prefeituras de Paris e Val-de-Marne, já proibiram reuniões não autorizadas desde domingo à noite até o meio-dia de segunda-feira. Apesar das restrições, a CR promete levar tratores à capital.
Segundo Patrick Legras, porta-voz do sindicato, os agricultores estão se organizando de forma estratégica para evitar interceptações pela polícia. "Dividimos a organização entre apenas cinco pessoas, cada uma responsável por um ponto de encontro", explicou Véronique Le Floc’h à rádio RMC.
Os manifestantes já utilizam gorros amarelos como símbolo do movimento. Le Floc’h destacou ainda que o setor agrícola francês enfrenta um cenário crítico: “A crise afeta profundamente nossos produtores, que não conseguem acompanhar os custos crescentes com os preços pagos pelos produtos.”
O movimento rural segue monitorado pelas autoridades, enquanto agricultores mantêm a expectativa de que suas demandas sejam ouvidas e atendidas pelo governo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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