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Varejo frustra expectativas em junho, mas não altera projeção de +0,5% t/t para o PIB no segundo trimestre do ano

Interrompendo a série de dois meses consecutivos com alta superior a 2%, o comércio varejista contraiu 1,7% m/m em junho na série livre de efeitos sazonais, o equivalente a uma alta de 6,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado


Publicado em: 12/08/2021 às 11:00hs

Varejo frustra expectativas em junho, mas não altera projeção de +0,5% t/t para o PIB no segundo trimestre do ano

A queda foi ainda mais intensa na abertura ampliada do varejo (que também leva em consideração as vendas nos setores automobilísticos e de material para a construção civil), que desacelerou 2,3% m/m na comparação com o mês imediatamente anterior (+11,5% a/a). Ambos os resultados frustraram bastante tanto as nossas expectativas quanto o consenso de mercado, que previam expansão do varejo no mês.

As principais quedas foram apresentadas pela venda de bens semiduráveis, com destaque para 1) tecidos, vestuário e calçados (-3,6% m/m), 2) equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-3,5% m/m) e 3) outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6% m/m). Uma das possíveis justificativas para a performance negativa desses segmentos é a redução gradual dos estímulos vigentes na economia, combinada ao desemprego elevado. O resultado, de toda a forma, acende uma luz amarela quanto ao ritmo de recuperação dos setores varejistas que vinham se recuperando consistentemente à medida em que avança a vacinação no país e as atividades econômicas são reabertas. 

Outra possível causa para a perda de ímpeto é a recuperação que tem sido evidenciada pelo setor de serviços. Durante o ápice da pandemia, quando muitas das atividades econômicas foram fechadas, o varejo foi beneficiado pela substituição do consumo de serviços por bens. Com a melhora gradual da economia e a retomada de muitas das atividades que até então estavam fechadas, essa substituição tende a acontecer em ritmo bem mais modesto, uma vez que agora as famílias já se deparam com a possibilidade (e com a confiança que o avanço da vacina traz) de voltar à consumir serviços prestados, por exemplo, por bares, restaurantes, hotéis etc. Acreditamos que esse deve ser um dos principais fatores que podem retirar tração do comércio no segundo semestre do ano, principalmente dos bens duráveis e semiduráveis.

Mesmo com o resultado negativo em junho, tanto o comércio restrito quanto o ampliado avançaram 3,0% t/t no segundo trimestre desse ano. Os resultados positivos foram generalizados no 2T21 e quase chegaram a compensar a queda do setor no primeiro trimestre do ano (de -4,4% t/t no caso do varejo restrito e de -3,5% t/t no ampliado).

Olhando para frente, ainda que a substituição do consumo de serviços por bens tenda a reduzir e a contribuir negativamente para ao avanço das vendas de bens duráveis e semiduráveis na segunda metade do ano, o avanço da vacinação, a melhora gradual da pandemia, a reabertura das atividades econômicas e o ganho de confiança dos agentes ainda trazem perspectivas positivas para o setor. Para julho, nossa estimativa preliminar aponta para uma alta de 5,2% a/a do varejo restrito (1,0% m/m) e de 3,6% a/a do ampliado (-0,8% m/m/). Para o IBC-Br de junho, projetamos 9,0% a/a e 0,8% m/m, mas o número final ainda depende da divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços amanhã, para a qual projetamos +0,6% m/m.

O resultado, de toda a forma, continua consistente com a projeção de crescimento de 0,5% t/t do PIB no segundo trimestre de 2021 (13,3% a/a) – que, por sua vez, continua dependendo principalmente da performance do setor de serviços a ser divulgada nessa quinta-feira. 

bo-tab

Fonte: Banco Original

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