Publicado em: 01/10/2025 às 16:00hs
O agronegócio brasileiro enfrenta desafios maiores com a carga tributária interna do que com os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, segundo o economista, cientista social e diplomata Marcos Troyjo. A avaliação foi apresentada nesta quinta-feira (18/9), durante a 2ª Conferência de Direito e Agronegócio da OAB-SP, em Ribeirão Preto (SP).
Troyjo critica a postura do governo americano, que ele apelida de “Trumpulência”, definida como uma combinação de turbulência, imponência e incoerência, com impacto significativo sobre a economia brasileira. Para ele, tarifar importações é uma política incoerente, que prejudica tanto os EUA quanto seus parceiros comerciais, especialmente porque o país abriga diversas multinacionais.
O diplomata ressalta que a relação entre Brasil e Estados Unidos nunca esteve tão ruim, cenário que prejudica diretamente o agronegócio nacional.
“O governo brasileiro é de Marte e o americano é de Vênus. Tivemos muitos agravantes nessa relação nos últimos meses e, acredito, a situação só deve normalizar com o resultado das eleições brasileiras em 2026”, afirmou Troyjo.
Ele também destaca que, enquanto os EUA reduzem sua tributação para cerca de 20% do PIB, o Brasil, mesmo após a reforma tributária, deve manter uma carga equivalente a 33% do PIB, tornando o ambiente menos atraente para investimentos.
Segundo Troyjo, o agronegócio brasileiro é essencial para o abastecimento mundial, mas os desafios enfrentados pelo setor já geram preocupação em países que dependem dessa produção.
“Diante do aumento da população mundial em 2 bilhões nos próximos 25 anos, a segurança jurídica dentro da porteira será fundamental para atrair investimentos globais em alimentos e energia”, afirmou.
Durante a conferência, a empresária rural e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Cristina Vendramini, destacou seis grandes desafios para o produtor rural, quatro deles ligados a questões jurídicas:
Para Leonardo Sica, presidente da OAB-SP, esses temas são cruciais para o desenvolvimento do setor, que representa cerca de um quarto do PIB brasileiro.
“Atualmente, o Congresso e alguns setores jurídicos estão mais preocupados com temas que não interessam ao Brasil. Precisamos recuperar nossa capacidade de defender o que realmente importa para a sociedade”, disse Sica.
Fonte: Portal do Agronegócio
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