Publicado em: 17/07/2025 às 12:30hs
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, com início previsto para 1º de agosto, acende um sinal de alerta entre empresas exportadoras brasileiras. O impacto direto sobre o fluxo de caixa e a sustentabilidade financeira dessas companhias pode gerar um efeito cascata em diversos elos da cadeia produtiva, segundo análise de Silvano Boing, CEO da Global, maior recuperadora de crédito B2B do país.
A medida teve reflexo imediato no mercado financeiro. Houve queda nas bolsas e valorização do dólar, demonstrando a preocupação dos investidores quanto à saúde das empresas brasileiras com exposição significativa ao mercado norte-americano.
De acordo com Boing, uma tarifa de 50% compromete diretamente o capital de giro das exportadoras, que passam a enfrentar um dilema: ou reduzem seus preços para absorver a nova taxa e perdem margem de lucro, ou se retiram temporariamente do mercado dos EUA. Ambas as opções impactam negativamente o faturamento em dólar, aumentando os riscos de inadimplência e atrasos em pagamentos a fornecedores.
“O aumento da tarifa gera um choque direto no capital de giro. Isso afeta não só as exportadoras, mas também transportadoras, fornecedores de insumos e serviços logísticos”, afirmou Boing.
Empresas do setor de commodities têm maior flexibilidade para redirecionar as exportações a outros mercados. No entanto, para produtos manufaturados e agrícolas com maior dependência do mercado norte-americano, a perda de espaço nos EUA pode gerar excesso de oferta no mercado interno, pressionando os preços domésticos.
A quebra de contratos internacionais pode provocar uma reação em cadeia: fornecedores locais ficam sem receber, transportadoras perdem contratos de frete e produtores de matérias-primas encaram pedidos cancelados.
Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras, tendo absorvido cerca de US$ 20 bilhões em produtos no primeiro semestre de 2025. Com a nova tarifa, setores altamente expostos tendem a ser os mais impactados, como siderurgia, aeronáutica, agronegócio e indústria de transformação.
Apesar da gravidade da medida, analistas não preveem uma recessão imediata, mas estimam uma possível redução entre 0,3 e 0,4 ponto percentual no PIB. A desvalorização do real frente ao dólar, que já ultrapassou 5% após o anúncio, indica fuga de capital e aumento da pressão inflacionária.
“Se as perdas nas exportações atingirem os US$ 15 bilhões previstos, haverá impacto direto sobre o câmbio, os preços internos e a confiança do investidor”, alerta Boing.
Apesar do cenário adverso, algumas medidas podem amenizar os efeitos da tarifa:
A imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos representa um desafio significativo para as exportações brasileiras, com impactos que podem se estender a toda a cadeia produtiva e afetar o crescimento econômico do país. No entanto, com ação coordenada entre governo e setor privado, há possibilidade de mitigar os danos e buscar novos caminhos para o fortalecimento da economia nacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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