Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que, em março, foram embarcadas 36,8 mil toneladas da carne, alta de 27,1% em relação a janeiro e 36,2% maior que o total de fevereiro.

O analista da consultoria Safras & Mercados, Allan Hedler, destaca que, na média diária para as duas primeiras semanas de abril, os embarques atingiram 1,8 mil toneladas/dia do produto in natura, ante os 1,4 mil toneladas/dia no mesmo período de março.

"Os principais compradores de carne suína brasileira reduziram as importações no início do ano, pois tiveram o poder de compra pressionado pela queda nos preços do petróleo. Os dados prévios de abril mostram que as exportações estão retomando, esses países precisam fazer estoque novamente", avalia Hedler.

No mercado interno, levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que os preços do suíno vivo e da carne seguem em queda neste início de abril, mas os fundamentos apontam possíveis reações no curto prazo. Além da melhora nos embarques em março, a expectativa é que as temperaturas mais baixas com a entrada do outono somadas aos altos preços da carne bovina motivem um maior consumo da proteína suína.

"Tudo vai depender dos preços que serão praticados aqui dentro", acrescenta o vice-presidente de suínos da ABPA, Rui Eduardo Saldanha Vargas. O executivo lembra que a expectativa inicial de recuperação era para meados de fevereiro, porém, o escoamento foi prejudicado pela greve dos caminhoneiros nas rodovias.

Cautela

Apesar dos indicadores positivos, a entidade representativa do setor mantém cautela em estimar uma recuperação do setor, que ainda vê na Rússia seu principal mercado.

"O cenário econômico russo também deverá manter a retomada dos níveis de importações da carne suína do Brasil em ritmo gradual", enfatiza o presidente executivo da ABPA, Francisco Turra.

O saldo de março foi o melhor do ano, entretanto, é 7,8% menor no comparativo anual, quando foram embarcadas 39,9 mil toneladas. Em receita cambial, com a soma de US$ 85,5 milhões, o resultado foi 27,9% acima de fevereiro, mas 19,1% menor que o de 2014.

Verificado o primeiro trimestre deste ano, houve queda de 18,2% em comparação com o mesmo período do ano passado, com total de 92,7 mil toneladas embarcadas.