O Rabobank revisou suas projeções para a economia brasileira, elevando a estimativa de crescimento do PIB de 2026 de 1,3% para 1,6%, impulsionado pela reforma do Imposto de Renda e pela manutenção do consumo das famílias. No relatório Recalibrando a Trajetória, divulgado em 6 de outubro, o banco destaca que, apesar da melhora recente de alguns indicadores, a economia ainda enfrenta desafios fiscais e incertezas externas.

Reforma do IR e cenário fiscal em destaque

A aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que isenta do Imposto de Renda trabalhadores que ganham até R$ 5 mil deve beneficiar cerca de 15,5 milhões de brasileiros. A proposta segue para o Senado e, segundo o Rabobank, tende a estimular o consumo e o crescimento econômico em 2026.

Para compensar a perda de arrecadação, estimada em R$ 28,5 bilhões anuais, o governo propõe um imposto mínimo de até 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês e tributação de dividendos superiores a R$ 50 mil por empresa.

O banco alerta, no entanto, que as incertezas sobre o equilíbrio fiscal persistem. O Tribunal de Contas da União (TCU) criticou a exclusão de R$ 90 bilhões da meta fiscal, medida que, segundo o órgão, compromete a credibilidade e a transparência das contas públicas.

Inflação e atividade industrial mostram sinais de retomada

Em setembro, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou alta de 0,42%, impulsionada pela inflação ao consumidor, sobretudo nos itens de energia e alimentação. Já o Índice de Preços ao Produtor (IPA) subiu 0,49%, refletindo o aumento de preços de commodities como café, milho, soja e bovinos.

A produção industrial interrompeu quatro meses de queda, com alta de 0,8% em agosto, superando as expectativas do mercado (0,5%). Segundo o Rabobank, o resultado revela resiliência da indústria, mas o setor ainda deve enfrentar desafios diante do crédito caro e dos juros elevados.

Mercado de trabalho continua aquecido

O Caged registrou a criação líquida de 147,4 mil empregos formais em agosto, número inferior ao esperado, mas ainda positivo. Já a taxa de desemprego medida pela PNAD manteve-se no mínimo histórico de 5,6%, em linha com as projeções.

A renda média real cresceu 3,3% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 3.488, enquanto a massa salarial subiu 5,4%, totalizando R$ 352,6 bilhões. O banco prevê que o desemprego médio ficará em 6,3% em 2025, refletindo uma leve desaceleração da economia no segundo semestre.

Câmbio e cenário internacional

O Rabobank projeta que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,55, ante previsão anterior de R$ 5,75, sustentado pela diferença entre os juros locais e externos e pela fraqueza global da moeda americana.

O relatório observa, porém, que o real segue vulnerável às incertezas externas, como o ritmo de desaceleração das economias dos Estados Unidos e da China, além de riscos geopolíticos e dúvidas sobre o cumprimento do marco fiscal brasileiro.

Perspectivas para a próxima semana

A semana entre 6 e 10 de outubro será marcada pela divulgação do IPCA de setembro, que o Rabobank projeta em 0,51% no mês e 5,21% no acumulado em 12 meses. Também estão previstos os resultados do IGP-DI, além de dados fiscais e do mercado de trabalho na América Latina.