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PMC - Varejo contrai 3,1% em agosto e traz viés de baixa para projeção do PIB no 3T

Em mais um dia de frustração com a atividade econômica em agosto, o varejo brasileiro contraiu 4,2% na comparação interanual do mês, o equivalente a uma queda de 3,1% na comparação com julho desse ano


Publicado em: 07/10/2021 às 11:35hs

PMC - Varejo contrai 3,1% em agosto e traz viés de baixa para projeção do PIB no 3T

O resultado ficou bem abaixo tanto das nossas expectativas quanto do consenso de mercado e, assim como a produção industrial divulgada ontem, trouxe um viés negativo para a nossa projeção de +0,7% t/t do PIB no terceiro trimestre. A queda do comércio no mês foi generalizada, com a única alta mais significativa tendo sido apresentada pela venda de tecidos, vestuário e calçados (segmento que tem se beneficiado do avanço da vacinação e da reabertura do comércio no país). 

A inflação elevada, a reabertura do setor de serviços (que agora “divide” a destinação dos recursos que até então vinham sendo direcionados apenas para o consumo de bens), a redução gradual de alguns dos incentivos sustentados durante a pandemia e o desemprego ainda elevado contribuíram para a queda acentuada. No varejo ampliado, a venda de materiais para a construção civil veio bem abaixo do esperado, enquanto veículos surpreenderam positivamente ao apresentarem alta de 0,7% m/m e virem na contramão do que os indicadores coincidentes (como a Fenabrave) vinham apontando. De toda a forma, o setor ainda deve desacelerar nos próximos meses em meio à falta de insumos e aos problemas na cadeia de suprimentos global. O resultado, em linhas gerais, reforça a mensagem de recuperação heterogênea da atividade econômica. 

Detalhes

Os setores do varejo restrito que mais descolaram das nossas projeções no mês foram: 1) combustíveis e lubrificantes, que contraíram 2,4% m/m e se mostraram ainda mais fragilizados pela inflação elevada do que esperávamos; 2) supermercados (-0,9% m/m), que também foram mais fragilizados do que o esperado pela inflação de alimentos e bebidas e 3) outros artigos de uso pessoal e doméstico (onde estão inseridos produtos como artigos de tapeçaria, cortinas e persianas, colchoaria, artigos de iluminação, artigos de cama, mesa e banho, instrumentos musicais e acessórios etc.), que contribuíram bastante para a devolução parcial da alta que os semiduráveis vinham apresentando até agora. 

Pela perspectiva do comércio ampliado, a principal frustração veio dos materiais para a construção civil, que contraíram 1,3% m/m no mês. A queda do setor, junto com a queda da produção de bens de capital em agosto, contribui para o entendimento de que a formação bruta de capital fixo (investimentos) deve vir fraca na próxima divulgação do PIB. 

Olhando para frente, ainda enxergamos espaço para crescimento do varejo brasileiro, em linha com o que vinha sendo mostrado nos últimos meses. No entanto, como já alertávamos nas últimas divulgações da PMC, esse crescimento de fato deve se mostrar mais ameno, em meio à: 1) inflação elevada, 2) recuperação do setor de serviços, 3) alta da Selic, 4) redução dos incentivos fiscais e creditícios e 5) desemprego ainda elevado.

O número divulgado hoje é compatível com o entendimento de que a alta da atividade econômica deve ser heterogênea no terceiro trimestre do ano (com indústria fragilizada pela falta de insumos, comércio perdendo ímpeto na margem e serviços avançando de forma mais significativa em meio à vacinação).

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Obs.: A polaridade de curto prazo é positiva quando a performance mensal é superior à performance média dos três últimos meses e negativa quando contrário. A polaridade de longo prazo é positiva quando a performance mensal é superior à performance média dos últimos 12 meses e negativa quando contrário.

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Fonte: Ideal HKS

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