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Pesquisadores alertam para os riscos da não utilização de tecnologia no campo (09/12/2013)

O agronegócio é um dos mais importantes setores da economia brasileira.


Publicado em: 11/12/2013 às 17:30hs

Pesquisadores alertam para os riscos da não utilização de tecnologia no campo (09/12/2013)

 De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), nos últimos 15 anos, a agropecuária representou aproximadamente 25% do PIB, ou seja, a cada R$ 4,00 produzidos pelo Brasil, R$ 1,00 foi proveniente do setor primário. Essa expressiva representatividade é resultado do emprego de tecnologia no campo, fundamental para o aumento de eficiência e produtividade. A agricultura brasileira de grãos conseguiu incorporar os benefícios do conhecimento técnico-científico do melhoramento genético clássico e biotecnológico.

Entretanto, quem vê os bons números da agricultura pode não saber quais desafios o agricultor enfrenta em seu dia a dia. A agricultura praticada em zonas tropicais, ambiente extremamente favorável ao desenvolvimento de pragas e plantas daninhas, deve considerar o uso de ferramentas tecnológicas como uma das estratégias fundamentais para a manutenção da competitividade. Por essa razão, é essencial que estejam disponíveis diferentes ferramentas para controle, a exemplo de plantas transgênicas tolerantes a distintos herbicidas com distintos mecanismos de ação. “A rotação de moléculas é extremamente necessária, pois assim evitamos a seleção de plantas tolerantes ao princípio ativo do defensivo químico utilizado”, afirma o engenheiro agrônomo Marcelo Gravina.

O pesquisador da Emprapa Trigo, Leandro Vargas, concorda com a afirmação de Gravina e vai além. “Sem opções de tecnologia para combater os problemas inerentes à atividade agrícola, o produtor pode recorrer a práticas que representam risco para todo o sistema agrícola”, argumenta Vargas. Enquanto as novas ferramentas não estiverem regularizadas, a Embrapa e outros órgãos ficam proibidos de fazer testes com a cultivar e com os defensivos associados, retardando assim a identificação de estratégias de manejo para fitopatologias. “A vida útil das tecnologias, se os trâmites regulatórios não acompanharem as demandas do campo, pode ser reduzida, implicando em prejuízos para a economia do País”, completa.

Novos transgênicos são aguardados como opção ao manejo de plantas daninhas já adaptadas a um defensivo utilizado continuamente nos últimos anos. “Os herbicidas associados às novas sementes são eficientes contra plantas daninhas de folhas largas”, diz Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Trigo. As espécies vegetais invasoras, ao competirem com a cultura principal por nutrientes do solo, causam perdas em produtividade e elevam os custos com controle. Para Adegas, “qualquer tecnologia que funcione com um mecanismo de ação diferente do já utilizado é interessante, inclusive uma planta geneticamente modificada tolerante a um outro herbicida”.

Os especialistas alertam que, com a disponibilidade de ferramentas limitada, o desenvolvimento de estratégias para proteger as lavouras das pragas e das plantas daninhas tende a ficar cada vez mais difícil e caro, podendo, inclusive, inviabilizar a atividade. É preciso que o ritmo de inovações incorporadas à agricultura não retroceda em relação aos últimos anos. Qualquer comparativo entre a década de 1990 e de 2010 revela novos padrões sociais, culturais e econômicos. A incorporação do Cerrado à produção agrícola, a introdução do plantio direto e o cultivo de transgênicos, combinados à capacidade de absorção do conteúdo pelos agricultores, estão entre os principais fatores que levaram a agricultura brasileira à posição de destaque que hoje ocupa.

Fonte: Redação CIB

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