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País vê mercado promissor na Ásia

"Ao pensar na Ásia, muitos se lembrarão apenas da China. Mas a história da ascensão da região é mais do que isso. Os dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático, a Asean, são parte fundamental do renascimento da Ásia"


Publicado em: 10/03/2014 às 19:50hs

País vê mercado promissor na Ásia

As palavras do ministro K Shanmugam, da Embaixada de Cingapura no Brasil, apontam para o potencial das relações comerciais entre o Brasil e a Asean.

Apesar de ainda representar somente 3,7% do total do Brasil, o comércio com os 10 países da associação - Tailândia, Cingapura, Malásia, Indonésia, Filipinas, Vietnã, Brunei, Mianmar, Camboja e Laos - cresce a taxas maiores do que o global. Enquanto a corrente comercial do Brasil com o mundo aumentou 346% entre 2002 e 2013, com a Asean ela avançou 465% no mesmo período, explica o diretor do departamento da Ásia do Leste do Ministério das Relações Exteriores, Francisco Mauro Brasil de Holanda.

Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Daniel Godinho, a Asean é uma grande oportunidade. "O bloco é forte importador. Em 2012, comprou US$ 1,2 trilhão. Mas o Brasil participou com apenas 0,8% disso. O que significa que há muito potencial", pontua. Godinho destaca que o país tem superavit comercial com o bloco e com a maioria dos países individualmente.

Em 2013, a corrente de comércio entre o Brasil e a Asean foi de US$ 17,8 bilhões, superior ao volume negociado com o Japão (diferença de US$ 2,8 bilhões) e com a Coreia do Sul (US$ 3,6 bilhões). Na comparação com 2012, no entanto, houve uma redução de 3,9% em 2013. "A Asean é um ator de crescente importância no cenário internacional, mas o quadro de desaceleração da economia mundial teve impacto no ano passado. É um ponto fora da curva", justifica o diplomata.

O grupo de países reúne uma população de 650 milhões de habitantes e teve um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de US$ 2,3 trilhões em 2012, com crescimento de 5,5% sobre o ano anterior. O embaixador de Cingapura, K Shanmugam, ressalta que a projeção é continuar com essa taxa até 2018. "A crescente classe média da Asean tem produzido uma enorme demanda por capital e bens de consumo", afirma.

Individualmente, os principais parceiros do Brasil são Cingapura, Tailândia, Indonésia e Malásia, mas é o Vietnã que registra o maior crescimento, de 42,3% em 2013. Holanda, do Itamaraty, lembra que Cingapura, Malásia e Tailândia estão entre os 20 países com maiores reservas internacionais. "Se ampliarmos a lista para 30 nações, também entram aí Filipinas e Indonésia. Portanto, o potencial de aumento nas relações do Brasil com a Asean é enorme e vem crescendo ano a ano", argumenta.

Para o ministro conselheiro da Embaixada da Tailândia no Brasil, Vithit Powattanasuk, o comércio entre os dois países poderia triplicar nos próximos anos, dos atuais US$ 4 bilhões para US$ 12 bilhões. "A Tailândia quer importar mais carne brasileira e espumantes da região Sul", diz. O cônsul da Embaixada da Malásia Yusram Bin Yusup também aposta em crescimento. "O Brasil tem sido um dos parceiros comerciais mais importantes para a Malásia. O nosso governo prevê incentivos e assistência para os investidores estrangeiros", destaca.

Holanda ressalta que as economias dos países da Asean são muito abertas. "O comércio exterior é responsável por 140% do PIB da Tailândia e 400% do PIB de Cingapura. No Brasil, é de 25%", compara. "Podemos tirar proveito e entrar nesses mercados".

Instabilidade

A Tailândia passa por turbulências políticas. Para o diplomata Francisco Mauro Brasil de Holanda, isso não é problema para as relações comerciais entre os dois países. "A Tailândia tem ciclos de instabilidade. O último foi há três anos. Agora, há um novo. Mas o país tem uma resiliência muito forte e consegue funcionar com certo dinamismo a despeito das instabilidades", pondera.

Fonte: Correio Braziliense

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