Procurada pelo Valor, a Pasta informou que já gastou neste ano R$ 9,688 milhões com essa finalidade, quase todo o montante que desembolsou em publicidade desde janeiro (R$ 9,701 milhões).

De janeiro até agora, o bolo de recursos utilizados para divulgar os planos das safras 2013/14 e de 2014/15, lançado em maio, cresceu R$ 2,206 milhões (29%) em relação aos gastos de R$ 7,482 bilhões para promover apenas o Plano Safra 2013/14 no ano passado - quando, no total, os gastos do ministério com publicidade alcançaram R$ 11,787 milhões.

Os recursos para a divulgação do plano não apenas cresceram como foram concentradas em um período mais curto. Por conta da legislação eleitoral, o ministério teve até o último sábado, dia 5, para anunciar suas linhas de financiamento agrícolas.

O montante para a publicidade do plano "avançou" sobretudo sobre os recursos destinados à campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa, que costumam dividir a bola na Agricultura. Diante da data-limite para veiculação de propagandas, o ministério cancelou a propaganda da segunda parte da campanha de vacinação, que acontece no mês de outubro.

A publicidade sobre a primeira etapa da campanha, em maio, foi mantida, mas, para economizar recursos e garantir mais verbas para a divulgação dos Planos Safra, a Pasta preferiu reutilizar o material feito para a campanha de 2013.

A concentração de esforços publicitários em um dos maiores programas federais de financiamento ao setor privado ocorre em um momento-chave para o governo federal, que busca reatar os esgarçados laços com o setor ruralista neste ano eleitoral.

O redirecionamento de esforços atende a uma reivindicação do próprio segmento. Segundo a assessoria do ministério, representantes do setor criticaram a comunicação do governo sobre o Plano Safra no ano passado. A reclamação era de que as propagandas não eram focadas nem no cidadão comum nem no produtor rural, o que resultava em uma campanha pouco esclarecedora para o público em geral e sem detalhes suficientes para atrair a atenção de agricultores e pecuaristas.

Além disso, houve no primeiro semestre deste ano um reforço de divulgação do Plano Safra anunciado no ano passado (2013/14), diferentemente dos anos anteriores. A divulgação do pacote costuma ocorrer em seu primeiro semestre de execução, equivalente ao segundo semestre do ano civil, quando o volume de contratações de crédito é mais concentrado. Neste ano, o ministério avaliou que era preciso informar que ainda havia recursos disponíveis no programa que estava em curso.

O ritmo de contratação de crédito, porém, não foi um problema no Plano Safra 2013/14. Pelo contrário, os produtores consumiram os recursos em uma proporção muito maior que em temporadas anteriores. Desde o início do Plano Safra 2013/14, em julho, até dezembro (período em que costuma ocorrer o maior volume de contratações), o desembolso havia sido de 67,1% do volume de recursos disponibilizado, ou R$ 91,258 bilhões. No mesmo período do ciclo anterior, o percentual foi de 52,2% do total, ou R$ 60,499 bilhões.