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Logística tem custo elevado

Os custos logísticos voltaram a crescer no Brasil e chegaram a 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, após recuo em 2010 (10,6%) e 2008 (10,9%)


Publicado em: 27/05/2014 às 18:10hs

Logística tem custo elevado

O porcentual significa um retorno ao patamar de 2006, segundo pesquisa do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Parte desse problema é a dependência do modal rodoviário, que responde por cerca de 60% das cargas transportadas no Brasil e tem sofrido com alta de custos, sejam de combustíveis, sejam trabalhistas.

Menos de 15% dos 1,7 milhão de quilômetros de rodovias são pavimentados. Deficiências no pavimento elevam em 25% o custo operacional do transportador no país. As regiões Sul e Sudeste apresentam as melhores condições de asfalto, com custos de 19% e 21%, respectivamente. Já o Norte apresenta o pior: 39,5%.

"Por conta da baixa penetração do modal ferroviário e hidroviário, as rodovias são sobrecarregadas, sendo meio de transporte inclusive de grãos, como a soja, que não são economicamente viáveis nesse modal, porque é necessário um grande volume de caminhões para chegar aos portos, o que acarreta filas", avalia Bruno Batista, diretor executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), 53% dos grãos são escoados por rodovias aos portos, outros 36% pelas ferrovias e 12% por hidrovias.

O governo está buscando reverter esse quadro. Além da retomada das concessões rodoviárias, trabalha na criação de um modelo de concessões ferroviárias. Nos últimos dias, as reuniões com empresários têm sido intensas. O governo prevê a construção de 16 trechos ferroviários, num total de 11,5 mil km de linhas férreas e investimento da ordem de R$ 91 bilhões. Do valor total, R$ 56 bilhões devem ser investidos nos primeiros cinco anos e R$ 35 bilhões ao longo de 30 anos.

Outra parte do trabalho do governo é a retomada do planejamento, com a criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada em 2012, nos moldes da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE). Uma das frentes é o Plano Nacional de Logística Integrada, cujo objetivo é identificar as necessidades e oportunidades da matriz no curto, médio e longo prazo. Nele estará contida uma ampla pesquisa de origem e destino das cargas, com dados coletados em 200 pontos no Brasil e baseada em mais de um milhão de entrevistas realizadas em três etapas. "Isso está em estágio avançado", afirma o presidente da EPL, Paulo Sérgio Passos. Com a matriz de origem e destino em mãos, pode-se planejar ações ao longo dos próximos 20, 30 anos no setor.

Esse banco de dados contribui também para a simulação de pré-viabilidade de algumas iniciativas. "Alguns modais irão se adensar ao longo dos próximos anos, o que fará o planejamento ganhar ainda mais relevância, já que deverá haver uma maior integração entre os diferentes modais", destaca Passos.

No fim do ano passado, o Ministério dos Transportes concluiu o Plano Hidroviário Estratégico, que pretende ampliar o transporte por hidrovias como forma de buscar alternativas de escoamento principalmente da produção agrícola. O estudo, financiado pelo Banco Mundial, tem a meta de viabilizar o aumento do transporte de carga dos atuais 25 milhões para 120 milhões de toneladas de carga até 2031.

Fonte: Canal do Produtor

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