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Inflação de julho é a menor em 3 anos, mas incerteza com o câmbio persiste

Com alta de 0,03% em julho, a inflação medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou no menor nível desde julho de 2010 (0,01%)


Publicado em: 08/08/2013 às 19:30hs

Inflação de julho é a menor em 3 anos, mas incerteza com o câmbio persiste

O índice divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve forte desaceleração ante junho, quando foi de 0,26%, mas não surpreendeu o mercado financeiro. Alguns analistas haviam previsto deflação para o mês.

"Esse cenário de alívio da inflação é temporário. A leitura de julho vai ser a menor taxa mensal observada no ano e a perspectiva para agosto é de aceleração", disse o estrategista: chefe do SantanderAsset Management, Ricardo Denadai, em entrevista ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado. No acumulado de 12 meses, o índice registra inflação de 6,27%, abaixo do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Em 2013, a taxa já chega a 3,18%.

A desaceleração da inflação não tira as incertezas quanto ao comportamento da taxa de câmbio e seu repasse para os preços, na avaliação da economista e sócia-diretora da Gibraltar Consulting, Zeina Latir. Ela comenta que o resultado ainda é insuficiente para clarear o ambiente a ponto de se enxergar os passos futuros do Comitê de Política Monetária (Copom).

A desconfiança sobre o comportamento da inflação se deve ao perfil dos itens que mais contribuíram para a desaceleração em julho. A maior influência isolada foi a tarifa de ônibus (-3,32%), por causa do recuo no aumento de passagens em diversas capitais após as manifestações. Para agosto, entretanto, o mercado espera reajustes em passagens aéreas. Um aumento dos combustíveis é tido como necessário, diante da desvalorização do real ante o dólar, mas poucos acreditam que o governo lance mão dessa medida.

Alimentação, outro item importante no IPCA de julho, teve deflação de 0,33% por causa da sazonal idade e de recuos em itens como o tomate (-20,25%).

O economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, afirma que a tendência para os próximos meses é de alta entre os alimentos, especialmente o trigo e seus derivados, o leite e as carnes. "Se não tivesse tido a redução, sazonal mas muito forte, na alimentação nos domicílios, além das tarifas de ônibus, o resultado seria 0,25%. O número de agosto, em condições normais, vai ficar em torno de 0,3%." Para ele, a inflação ao ano deve ficar próxima do teto.

Dólar. A alta do trigo e derivados também já foi sentida neste mês em itens pontuais do IPCA, como a farinha de trigo (1,33%), o pão francês (0,68%) e a cerveja (2,86%). Os aumentos são relacionados à safra do grão, que teve menor oferta internacional, além. do repasse aos preços da desvalorização cambial que afeta a importação.

Segundo a coordenadora de índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, este é um dos poucos itens que já sente a disparada do dólar. De acordo com ela, a influência do dólar não foi relevante em julho.

Entre os itens que aumentaram em julho, Empregados Domésticos teve o maior peso, com alta de 1,45%. De acordo com Eulina, a valorização atinge os trabalhadores já empregados e também os que buscam trabalho. "Esse é um mercado em que a oferta está muito reduzida, as pessoas têm buscado outras oportunidades". / Colaboraram Fernanda Travaglini, Francisco Carlos de Assis, Irany Teresa, Monica Ciarelli, Renata Pedini

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O recuo no aumento dos preços das tarifas de transportes públicos após as manifestações de junho foi a maior influência isolada para a desaceleração do índice de inflação de julho.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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