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INFLAÇÃO: Reajuste do diesel vai impactar mais o IPCA de 2014, dizem economistas

O reajuste da gasolina menor do que o esperado pelo mercado fez consultorias refazerem as contas e diminuírem a projeção para a inflação deste ano


Publicado em: 04/12/2013 às 11:00hs

INFLAÇÃO: Reajuste do diesel vai impactar mais o IPCA de 2014, dizem economistas

O reajuste da gasolina menor do que o esperado pelo mercado fez consultorias refazerem as contas e diminuírem a projeção para a inflação deste ano. Por outro lado, o aumento de 8% para o diesel - o dobro do ratificado para a gasolina - vai pressionar as estimativas de preços para o ano que vem. Segundo analistas, o anúncio praticamente garante que o Índice Nacional de preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013 cumpra a "meta informal", de ficar abaixo do 5,84% de 2012.

Cálculos - Nos cálculos da LCA Consultores, o aumento da gasolina vai elevar em 0,10 ponto o IPCA, sendo que 0,09 ponto percentual será registrado em dezembro. O reajuste do diesel terá efeito quase nulo neste fim de ano, mas as contas da consultoria apontam para um impacto de 0,14 ponto percentual na inflação do ano que vem. O aumento se dará de forma indireta e não imediata, principalmente em função dos custos maiores com fretes. Na matemática da NTC&Logística, o diesel mais caro vai aumentar os fretes em 2%. "O governo tem chances de cumprir a meta informal de inflação abaixo dos 5,84% registrados ano passado. Mas, para isso, ao priorizar um reajuste maior no diesel, encomendou mais inflação para 2014", afirma Fabio Romão.

Nova política - Para o consumidor, o reajuste da gasolina vai ficar em 2,57%, ainda segundo a LCA, com o IPCA de 2013 atingindo 5,7% este ano. Romão lamentou a não divulgação das regras para a nova política de reajuste de combustíveis a ser adotada pela Petrobras. Mais do que o reajuste, uma fórmula aberta e mais clara para os preços dos derivados de petróleo seria melhor aceito pelo mercado, segundo ele.

Recuo - A Tendências Consultoria, que previa 7% de aumento da gasolina, recuou em 0,1 ponto percentual a estimativa da inflação para este ano, que agora está em 5,8%. Para o diesel, esperava-se aumento um ponto percentual menor do que o anunciado. Com a elevação, o Índice Geral de Preços (IGP) deve ter alta adicional de 0,17 ponto percentual neste mês.

Alimentos - "Com o reajuste menor, principalmente nas bombas, a inflação virá um pouco mais baixa. O impacto maior do diesel será sentido mais tarde, de forma mais contundente nos preços dos alimentos in natura", afirma Adriana Molinari, analista de inflação da consultoria. Apesar de uma inflação menor, Adriana diz que houve piora na composição do IPCA neste ano, com alta maior dos preços livres.

Momento certo - O momento escolhido pelo governo para dar sinal verde aos reajustes nos combustíveis foi acertado, na visão de Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados. Na semana passada, a diferença entre os preços internos e externos estava baixo em relação ao registrado ao longo deste ano. Em agosto, a defasagem da gasolina chegou a 27% e a do diesel a 16%. A GO Associados utiliza os preços praticados nas refinarias do Golfo do México nas comparações.

Defasagem - No entanto, mesmo com o reajuste, a gasolina ainda segue com defasagem de 4% em relação aos preços externos e o diesel está 5% mais barato do que no exterior. Para os próximos meses, a consultoria estima que a pressão sobre essa diferença entre preços internos e externos virá do câmbio. A perspectiva para 2014 é que os preços dos derivados de combustíveis tenham "queda suave", diz Silveira.