Publicado em: 14/05/2014 às 18:10hs
Até março, o acumulado anual era de 6,15%, reforçando a tendência de alta que pode levá-lo a fechar o ano acima de 6,5%.
O fraco crescimento das vendas no varejo, apenas 3,3% no primeiro trimestre (ante 12,9% no mesmo período do ano passado); a retração na demanda por casas e apartamentos; o índice de inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil com alta de 8,6% em abril, tudo isso denota aperto nos orçamentos das famílias - e a inflação é apontada como uma das causas principais.
Apesar do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter apresentado ligeira queda em abril, o acumulado nos 12 meses precedentes é de 6,28%. Até março, o acumulado anual era de 6,15%, reforçando a tendência de alta que pode levá-lo a fechar o ano acima de 6,5%.
O maior número de atrasos de pagamentos (12,38%) é nas contas de luz, esgoto e gás, mostrando o impacto da alta de preços sobre a parcela mais pobre da população. Na energia elétrica, a queda de 3,1% do consumo em abril, em relação a março, indica mais uma contenção de gastos do que uma economia voluntária. O mesmo se aplica ao consumo de água.
Há também um nível de inadimplência muito sensível (5,78%) na telefonia, na TV a cabo e nos serviços de internet, 0 que evidencia que classes de renda média também enfrentam dificuldades crescentes. Até certo ponto, isso é atribuído às despesas características do início do ano, como renovação de matrícula, compra de materiais escolares e pagamento de parcelas de impostos como IPTU e IPVA.
O aumento dos juros, em parte, leva à inadimplência, principalmente por quem acumulou dívidas de mais longo prazo. Porém, critérios mais rígidos adotados por bancos e lojas na concessão de crédito mantêm baixa a inadimplência no setor financeiro (4,83%). Nas lojas, ela foi ainda menor (2,54%).
A taxa de desemprego, calculada pelo IBGE para seis regiões metropolitanas, caiu para 5% em março, mas, como o próprio órgão observou, isso ocorreu porque menos pessoas procuraram emprego. Segundo o economista Alessandro Del Drago, da Mauá Sekular, "as pessoas estão demorando mais para voltar ao mercado de trabalho e, com isso, acabam por atrasar as contas".
Salvo acontecimentos excepcionais, não se espera que esse quadro se altere com a próxima realização da Copa do Mundo. Alguns setores, como turismo e lazer, podem ter mais movimento, mas os varejistas antecipam um volume de vendas menor.
Fonte: Editorial Econômico de O Estado de S. Paulo
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