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IGP-10 terá alta menor em abril, com recuo de preços agrícolas no atacado

O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) deverá desacelerar entre março e abril, de 1,29% para algo em torno de 1%


Publicado em: 18/03/2014 às 19:40hs

IGP-10 terá alta menor em abril, com recuo de preços agrícolas no atacado

A tendência é que, pelo menos até junho, o indicador mantenha, gradualmente, a trajetória de redução no ritmo de avanço. A avaliação é do superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Salomão Quadros. Em fevereiro, o IGP-10 tinha subido 0,3%.

"A forte alta dos preços agrícolas já se deu. O que vai ocorrer agora, no âmbito do IPA [Índice de Preços ao Produtor Amplo], é uma transmissão dessa alta para os bens finais até chegar ao consumidor. O importante é que o efeito da estiagem, responsável pelo aumento expressivo do IPA e, consequentemente, do IGP-10 em março, não deverá se repetir", afirmou.

A falta de chuvas prejudicou a colheita de soja e de milho e afetou os preços ao produtor. Entre fevereiro e março, o IPA passou de alta de 0,07% para 1,65%. A soja em grão, que havia caído 8,66% em fevereiro, subiu 2,83% em março. A alta do milho foi de 1,49% para 8,58%. Com isso, os preços das matérias-primas brutas, que haviam caído 0,93% em fevereiro, subiram 2,29% em março. Os problemas climáticos afetaram também café e alimentos in natura, que subiram 26,11% e 11,22%, respectivamente, ante alta de 6,87% e queda de 1,82%.

A valorização dos grãos começa a encarecer os derivados no IPA. O óleo de soja subiu 3,9% em março (0,69% no mês anterior), e as rações animais tiveram alta de 1,51% após queda de 1,35%. O farelo de soja, que caiu 6,41% em fevereiro, recuou 0,26% em março. "É possível que essa alta nas rações animais se acentue. O preço do farelo de soja ainda cai, mas está em transição para elevação", diz Quadros. Segundo ele, esses aumentos afetarão o preço das carnes.

A FGV apurou que o preço dos suínos recuou 8,45% em março, após alta de 0,93% no mês anterior. Os bovinos, que tiveram alta de 2,96% em fevereiro, passaram a subir 1,07% neste mês. O encarecimento dos bovinos, afirma Quadros, está relacionado à diminuição da pastagem em razão da seca.

A falta de chuvas começa a afetar os preços de alguns alimentos para o consumidor, como hortaliças e legumes. Esses produtos não podem ser estocados por muito tempo, por isso a alta de preços é logo repassada ao consumidor.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), os alimentos subiram 1,21% em março, ante alta de 0,61% no mês anterior. Hortaliças e legumes passaram de alta de 0,05% em fevereiro para 11,62% em março. No mesmo período, os gêneros alimentícios - o equivalente à alimentação no domicílio - passaram de alta de 0,39% para avanço de 1,35%.

Entre fevereiro e março, o IPC passou de alta de 0,82% para 0,7%. A alta dos alimentos acabou compensada pelo grupo educação, leitura e recreação, que desacelerou no mesmo período, de alta de 3,25% para queda de 0,02%. "O reajuste das mensalidades escolares ficou para trás. Aliado a isso, passou o Carnaval e o período de férias, o que reduz a demanda por recreação", afirmou Quadros.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,31% em março, taxa inferior à observada em janeiro, quando aumentou 0,7%. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços subiu 0,61% em março ante alta de 0,6% no mês anterior.

Fonte: Canal do Produtor

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