Publicado em: 07/03/2013 às 18:50hs
Num ano em que o agronegócio ganhou destaque nas manchetes como um dos principais pilares de sustentação da economia brasileira, os dados consolidados do Produto Interno Bruto (PIB) revelam que a agropecuária foi o setor que mais comprometeu o resultado em 2012. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o PIB dentro da porteira caiu 2,3% no ano passado e segurou a expansão do indicador, que fechou 2012 com crescimento de 0,9%, abaixo das expectativas.
O diagnóstico do instituto contrasta com as avaliações do setor produtivo, que apontam que 2012 foi um ano positivo para o campo. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que tem um indicador próprio, admite que o PIB agronegócio encolheu 1,89% no ano passado, mas destaca que a produção agropecuária brasileira rendeu montante recorde ao país. Segundo a entidade, o VBP (Valor Bruto da Produção) somou R$ 380,8 bilhões em 2012.
Nas contas do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), que considera apenas a produção agrícola, o VBP cresceu 6% entre 2011 e 2012, atingindo R$ 243 bilhões. José Garcia Gasques, coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, área responsável pelo estudo, explica que o cálculo do Ministério é mais influenciado pelos preços, diferentemente do indicador do IBGE, que trabalha com valores constantes. “No VBP também não são levados em conta os custos, que muitas vezes acabam afetando os resultados”, ressalta.
O uso de critérios diferentes (veja quadro ao lado) também explica a diferença ante os indicadores da CNA. “É preciso cruzar as variáveis e fazer uma análise crítica”, recomenda Adriana Silva, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), instituição responsável pela elaboração do estudo da confederação.
Divergentes em uma primeira leitura, os dados do IBGE na verdade confirmam as avaliações do setor produtivo. Segundo o instituto, o segmento de grãos teve contribuição positiva no PIB, impulsionado pela combinação de preços em alta e aumento de produção de culturas como o milho, que cresceu 27% em volume. Mas o ganho de um lado colaborou para perdas do outro.
O fato de grãos como soja e milho também servirem como insumos para a pecuária afetou a outra ponta da cadeia. Avicultura e suinocultura viram os custos subirem e, sem uma contrapartida no preço de venda, acabaram vivendo um 2012 de crise. Juntando-se a isso a redução de área e os problemas de safra em produtos como a laranja, o arroz e o trigo é possível explicar a queda no valor adicionado.
Entenda
Saiba o que cada indicador representa.
Produto Interno Bruto
Mede o valor de todos os bens e serviços finais produzidos no país num determinado período (geralmente um ano). Bem final é, por exemplo, o pão ou a farinha vendida no supermercado, mas não o trigo que foi utilizado na sua produção – que é considerado um bem intermediário. Isso é feito para evitar dupla contagem.
Valor Adicionado
Representa o valor adicional que adquirem os bens e serviços intermediários – no exemplo acima, o trigo – ao serem transformados durante o processo produtivo. A cada estágio de produção, somente esse valor é considerado no cálculo, de modo que, ao final do processo produtivo, a soma de todos os valores adicionados será igual ao valor do produto final – o pão.
PIB do agronegócio
Medido pelo Cepea, o cálculo congrega a renda gerada em todas atividades relacionadas ao agronegócio, dentro e fora da porteira. Inclui a agroindústria e o setor de distribuição.
Valor Bruto da Produção (VBP)
É resultado da multiplicação da quantidade produzida pelo preço de venda, sem levar em conta os custos de produção.
Fonte: Gazeta do Povo
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