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Economia Brasileira Mantém Ritmo Acelerado no Início de 2025, Impulsionada pelo Agronegócio, Revela Análise do Rabobank

Análise do Rabobank destaca o papel decisivo do setor agropecuário no crescimento econômico do país no primeiro trimestre do ano


Publicado em: 11/06/2025 às 09:30hs

Economia Brasileira Mantém Ritmo Acelerado no Início de 2025, Impulsionada pelo Agronegócio, Revela Análise do Rabobank

A economia brasileira demonstrou robustez no primeiro trimestre de 2025, com um crescimento notável impulsionado principalmente pelo setor agropecuário. Este cenário positivo, contudo, é acompanhado por desafios externos e internos que demandam atenção, conforme detalhado na recente análise macroeconômica do Rabobank.

Panorama Macroeconômico: Cenário Global e Local

No plano internacional, incertezas persistem, especialmente devido a disputas tarifárias nos Estados Unidos, que viram a suspensão temporária das tarifas de Trump por uma Corte de Apelações. A economia norte-americana também registrou contração no primeiro trimestre de 2025, impactada pelo consumo enfraquecido e um efeito comercial mais acentuado do que o previsto.

No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o trimestre anterior. Paralelamente, o Congresso Nacional exerce pressão sobre o governo em busca de alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A agência de classificação de risco Moody's, por sua vez, rebaixou a perspectiva do Brasil para estável. Diante da incerteza tarifária e geopolítica global, que diminuiu o otimismo do início do ano, o real depreciou-se 1,4% frente ao dólar, fechando a semana anterior a R$ 5,7234. Mesmo com a fraqueza generalizada do dólar, o Rabobank revisou sua projeção para a moeda norte-americana, esperando-a a R$ 5,90 ao final de 2025, ante R$ 6,00 anteriormente.

Desempenho do PIB no 1º Trimestre de 2025

O PIB brasileiro confirmou um forte crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior (sazonalmente ajustado), superando em 12,6% o nível pré-pandemia. A projeção de crescimento do PIB para 2025 permanece em 2,0%, e para 2026, em 1,3%.

Pelo Lado da Oferta: O setor agropecuário foi o grande destaque, crescendo 10,2% na comparação anual ou 12,2% na trimestral, beneficiado por condições climáticas favoráveis e colheitas expressivas de soja (13,3%), milho (11,8%), arroz (12,2%) e fumo (25,2%). A indústria, embora estável na margem com -0,1% trimestre a trimestre, registrou 2,4% de crescimento anual, impulsionada pela Construção (3,4%) e Indústria de Transformação (2,8%). O setor de serviços avançou 2,1% anualmente, com destaque para Informação e Comunicação (3,0%) e Comércio (0,3%).

Pelo Lado da Demanda: O investimento em capital fixo foi o principal motor, com um crescimento de 9,1% ao ano, sendo a quinta alta consecutiva. O consumo das famílias também contribuiu positivamente, subindo 2,6% anualmente, sustentado por um mercado de trabalho aquecido e aumento da massa salarial. As importações cresceram 14,0% anualmente, enquanto as exportações aumentaram 1,2%.

Inflação: IPCA-15 e IGP-M

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou pelo terceiro mês consecutivo, registrando alta de 0,36% em maio. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 atingiu 5,4%, acima do limite superior da meta de inflação de 4,5%. A energia elétrica e os medicamentos foram os principais contribuintes para essa alta. Por outro lado, a forte moderação em Alimentos e Bebidas ajudou a neutralizar parte dessas pressões. A inflação de serviços também apresentou uma dinâmica mais benigna, desacelerando pelo segundo mês consecutivo. O Rabobank projeta o IPCA em 5,3% para o fim de 2025, com a inflação de alimentos sendo impulsionada pelos preços internacionais de proteínas animais e café, além da depreciação do real.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,82% em maio, impulsionado pela baixa nos preços das commodities. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), de maior peso no IGP, recuou devido à queda no preço do milho, influenciada pela safra, e do minério de ferro, impactado pela menor demanda internacional. O Rabobank revisou sua projeção para o IGP-M, de 6,0% para 4,5% ao fim de 2025.

Mercado de Trabalho em Recuperação

A taxa de desemprego surpreendeu e voltou a cair para 6,6% em abril, de acordo com a pesquisa domiciliar PNAD. A criação de vagas formais também mostrou um avanço significativo, com a abertura de 257,5 mil empregos em abril, segundo o relatório CAGED.

Balança Comercial e Transações Correntes

A balança comercial contribuiu para a redução do déficit em transações correntes (CC) no ano, que registrou um déficit de US$ 1,3 bilhão em abril. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) manteve sinais de recuperação, somando US$ 5,5 bilhões em entrada líquida no mesmo mês.

Política Fiscal: Superávit e Desafios

O Governo Central (GC) registrou um segundo superávit consecutivo em abril, totalizando R$ 17,8 bilhões, tornando mais factível o alcance da meta fiscal. No acumulado do ano, o GC soma um superávit de R$ 72,3 bilhões. Esse desempenho favorável foi impulsionado pela contenção das despesas discricionárias e por uma atividade econômica mais vigorosa. Apesar do aumento da receita e da queda da despesa em abril, o Rabobank projeta um déficit de R$ 80,7 bilhões (0,6% do PIB) para o GC em 2025, devido à atividade econômica mais fraca e incertezas na arrecadação.

Perspectivas e Riscos para o Futuro

O Rabobank mantém a projeção de crescimento do PIB em 2,0% para 2025 e 1,3% para 2026, com a economia ainda exibindo sinais de aquecimento. Para o próximo trimestre, a atividade econômica continuará sendo influenciada pela safra recorde de grãos, pelo transbordamento do setor agropecuário para outros setores, e por um mercado de trabalho aquecido. No segundo semestre de 2025, espera-se que o efeito defasado das taxas de juros restritivas impacte a demanda, além de um menor impulso fiscal. Riscos de aumento da demanda agregada com novas medidas fiscais e incertezas externas, como as tarifas nos EUA, podem representar um vetor negativo para a atividade econômica global.

Fonte: Portal do Agronegócio

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