Publicado em: 05/12/2013 às 12:40hs
A moeda avançou 0,42% ante o real, terminando o pregão a R$ 2,389 para a venda, com investidores testando o patamar de R$ 2,40. A forte procura pela divisa foi provocada pela divulgação de dados que apontam para o fortalecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A criação de 215 mil vagas no setor privado em novembro - o ritmo mais forte de contratações em mais de um ano - aumentou a expectativa de que está se aproximando o momento em que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central do país, começará a reduzir os estímulos monetários à economia, uma decisão que deve provocar forte valorização do dólar em todo o mundo.
De acordo com dados da BM&Bovespa, o volume de negociações alcançou US$ 1,15 bilhão. Segundo analistas, o dólar deve manter a tendência de alta e voltar a superar o nível de R$ 2,40 reais em breve. A cotação estava pouco acima desse valor quando o Banco Central (BC) anunciou, em agosto, o programa de intervenções diárias no câmbio, que ajudou a segurar a valorização da moeda. Ontem pela manhã, o BC negociou 10 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalente a uma venda futura de dólares). O movimento, porém, não foi suficiente para acalmar os investidores.
Tempestade
A melhora do nível de emprego nos EUA foi revelada pela ADP, uma empresa de gerenciamento de recursos humanos com presença em todo o país. O indicador veio acima das estimativas dos economistas, que esperavam a criação de 173 mil postos. O diagnóstico foi reforçado ainda pelo Livro Bege, um relatório do próprio Fed. Segundo o documento, os empregadores aceleraram as admissões em outubro e no início de novembro, com a produção expandindo-se em ritmo "modesto a moderado".
O Fed já anunciou que, tão logo a economia dê mostras de estar suficientemente forte, vai diminuir as compras mensais de US$ 85 bilhões de títulos que vem realizando para estimular os negócios. A medida terá o efeito de elevar os juros e acentuar o fluxo de recursos em direção aos EUA.
Segundo o professor Ricardo Humberto Rocha, do Insper, a decisão deve ser tomada no máximo até abril, depois da posse da nova presidente do Fed, a economista Janet Yellen, que assume o cargo em fevereiro. Embora Yellen venha tratando o assunto com cautela, a diminuição dos estímulos não poderá ser evitada, salienta Rocha, se os dados continuarem mostrando que a atividade econômica pode dispensar o apoio do governo.
O cenário é preocupante para o Brasil, que está ameaçado de ter sua nota de crédito rebaixada pelas agências de classificação de risco devido à piora das contas públicas e ao baixo crescimento. Nessa situação, o país enfrentaria o que o ex-ministro Delfim Netto chamou de tempestade perfeita: dólar em alta e crédito externo mais caro. Para Rocha, "engana-se quem pensa que Fed vai levar em consideração o impacto que a mudança de política terá no resto do mundo". "Eles não se preocuparam com isso quando reduziam os juros a zero. Também não vão se preocupar agora", afirmou.
Exportação mais forte
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos informou que o deficit comercial do país diminuiu 5,4%, para US$ 40,6 bilhões em outubro. As exportações saltaram 1,8% e atingiram o recorde de US$ 192,67 bilhões, indicando retomada da demanda global, o que deve ajudar a sustentar o crescimento doméstico no quarto trimestre. As exportações haviam caído por três meses seguidos. "Isso é um sinal encorajador tanto para o crescimento da indústria dos EUA quanto para a situação mundial", disse o economista-chefe da RDQ Economics, John Ryding.
Fonte: Correio Braziliense
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