Publicado em: 06/03/2014 às 18:40hs
Segundo especialistas consultados pelo DCI, a situação econômica e a crise política da Argentina e da Venezuela podem sim influenciar a visão que os parceiros internacionais têm do País e só deve mudar quando a situação melhorar, o que é impossível precisar neste momento.
O ano começou conturbado na Argentina, primeiro o governo de Cristina Kirchner decidiu pelo congelamento de preços, depois pela necessidade de uma autorização para o recebimento de dólares e por último houve uma macrodesvalorização do peso, promovida no último mês.
O economista Roberto Toster, observou que "há uma crise na Argentina, 19,4% exportações brasileiras de manufaturados vão para a Argentina, e o que exportava para lá não consegue se exportar para outros países", disse.
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, para os argentinos, importar se tornou muito mais caro por conta da desvalorização da moeda local e com isso o cenário ficou mais difícil. "A Argentina importou em 2013 US$ 74 bilhões, e o Brasil exportou US$ 19 bilhões, 25% das importações do país vizinho. A Argentina deve reduzir em torno de US$ 5 bilhões suas importações", disse o especialista.
De acordo com ele, o país vizinho do Brasil deve gerar, no mínimo, US$ 10 bilhões de superávit comercial neste ano de 2014. "O principal produto exportado por eles é a soja que está com o preço em baixa, em tese as exportações da argentina este ano devem cair, e tem que fazer essa compensação na queda da importação para se conseguir o saldo comercial", completou Castro.
O professor da Faculdades Rio Branco, Carlos Stempniewski, destaca o impacto na indústria automobilística. "A Argentina, no ano passado foi um parceiro que importou US$ 6 bilhões, dos quais US$ 4 bilhões da indústria automobilística e a Argentina vai reduzir 75% da importação de veículos, do ponto de vista de balança comercial representa uma queda significativa, de US$ 3 bilhões, 300 mil veículos, o que vai dar quase um mês de produção da indústria automobilística", calculou o professor.
"Nesse bolo de veículos estão também as máquinas agrícolas, o item que mais empurrou o PIB [Produto Interno Bruto de 2013] foram as máquinas e equipamentos, que estão dentro deste setor; a redução de venda deve ter um impacto negativo no crescimento da indústria", completou. No último ano, a corrente de comercio entre o Brasil e a Argentina foi de US$ 36 bilhões.
Para ele, o Brasil fez a opção por se isolar. "Quando a gente olha os Estados Unidos se articulando com a União Europeia e o pacto andino é devastador, pois não estamos em uma cadeia de produção industrial em escala internacional", colocou.
Venezuela
A situação da Venezuela, segundo os especialistas ouvidos pelo DCI é mais complicada, pois além de ter uma questão política bastante forte envolvida, o país já tem a fama de mal pagador. Segundo Castro, agora só se exporta para a Venezuela com garantia de pagamento antecipado.
O câmbio oficial só tem sido usado pelo governo para a compra de alimentos. Segundo o presidente da AEB, o país também tem que cortar as exportações em torno de US$ 1 bilhão. " A Venezuela não tem nenhuma intenção de receber ajuda do FMI, mas vai chegar uma hora em que vai ficar isolada financeiramente pela comunidade internacional e se o preço do petróleo vier a cair a situação se agrava ainda mais".
Castro colocou que dados do Banco Central do Brasil apontam que houve um aumento no número de pagamentos antecipados. No último ano, a corrente de comércio entre os dois países foi de US$ 6 bilhões.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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