Publicado em: 11/09/2025 às 09:30hs
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 0,4% no segundo trimestre de 2025, totalizando R$ 3,2 trilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de uma leve queda de 0,1% entre abril e junho, a agropecuária acumula alta de 10,1% em 12 meses, sustentada principalmente pela produção histórica de soja e milho.
O desempenho confirma a relevância do setor, que representa cerca de um terço da economia nacional, mas evidências apontam fragilidades estruturais que podem comprometer a competitividade no médio e longo prazo.
Além da Selic no maior patamar desde 2006, o setor enfrenta maior aversão ao risco por parte de financiadores. Segundo a Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial por produtores rurais pessoa física cresceram 350% em 2024, impulsionados por juros altos, custos de produção elevados e adversidades climáticas.
Essa combinação de crédito caro e deterioração da capacidade financeira limita o acesso ao capital e já reflete nas projeções de expansão agrícola.
De acordo com a Conab, a produção de grãos em 2024/25 deve atingir 345,2 milhões de toneladas, mas o crescimento da soja em 2025/26 tende a perder ritmo.
Para Daniel Barbosa, CEO da Fex Agro, a desaceleração é resultado direto da pressão financeira, podendo impactar os preços das commodities. “Uma melhora nas indicações de preço seria um alívio para o produtor, mas ainda há muitas incertezas, tanto no cenário doméstico quanto em fatores geopolíticos globais”, afirma.
O Brasil também enfrenta entraves estruturais. Entre eles estão a falta de capacidade de armazenagem, a ausência de estoques reguladores e a precariedade da infraestrutura logística, que aumentam custos e reduzem a eficiência da cadeia produtiva.
“Hoje, no Centro-Oeste, um volume enorme de milho da segunda safra é guardado a céu aberto, porque os armazéns estão lotados”, exemplifica Barbosa.
Segundo ele, a ausência de políticas consistentes para acompanhar o crescimento da produtividade expõe ainda mais os produtores a riscos. “O Brasil avançou muito em produtividade, mas não fez a lição de casa em armazenagem, escoamento e na definição de estoques reguladores. Em momentos de capital caro, a falta desse planejamento estrutural pesa ainda mais”, avalia.
Para a Fex Agro, o debate precisa ir além das linhas tradicionais de crédito. É necessário investir em instrumentos de financiamento adequados ao ciclo rural, assim como infraestrutura e estoques reguladores.
“Só com essas iniciativas será possível reduzir vulnerabilidades, assegurar margens sustentáveis e preservar a competitividade do agro brasileiro”, conclui Barbosa.
Fonte: Portal do Agronegócio
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