Brasil

Copom deve elevar taxa de juros para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (7)


Publicado em: 07/05/2025 às 10:35hs

Copom deve elevar taxa de juros para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (7) e a expectativa é de que a taxa básica de juros, a Selic, seja elevada de 14,25% para 14,75% ao ano. Esse aumento de 0,5 ponto percentual colocaria a Selic no maior nível desde julho de 2006. Essa decisão reflete a busca do BC para controlar a inflação, que continua a pressionar a economia brasileira.

Expectativa de alta para 14,75% ao ano

A decisão de elevar os juros em 0,5 ponto percentual já era aguardada pela maior parte do mercado financeiro, de acordo com as declarações recentes do próprio Banco Central. A medida, se confirmada, representará a sexta elevação consecutiva na taxa de juros, um movimento iniciado para conter a inflação e atingir as metas econômicas. Com isso, a Selic voltaria a níveis não vistos desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a taxa estava em 15,25% ao ano.

A busca por desaceleração econômica

O Banco Central tem enfatizado que a manutenção do ciclo de altas na Selic tem o objetivo de desacelerar o crescimento econômico. O presidente da instituição, Gabriel Galípolo, destacou no final de abril que os sinais de desaceleração ainda são incipientes e que é necessário manter vigilância sobre a evolução dos preços. A inflação no Brasil segue sendo pressionada por fatores como o nível aquecido de atividade econômica, um mercado de trabalho robusto e os gastos públicos elevados.

Além disso, o cenário econômico global também tem influenciado a política monetária brasileira. O "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem desacelerado a expansão mundial, o que, por consequência, afeta o Brasil.

Como o Banco Central define os juros

O BC adota um sistema de metas de inflação para ajustar a taxa de juros. Quando as projeções de inflação estão dentro da meta, a Selic pode ser reduzida. No entanto, quando as projeções estão acima da meta, o Banco Central tende a manter ou até aumentar a taxa de juros. A meta de inflação para 2025 é de 3%, com um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.

Em suas decisões, o Banco Central antecipa-se aos efeitos econômicos, pois os impactos da Selic na economia demoram de seis a 18 meses para se refletir plenamente. Assim, o BC já está considerando as metas de inflação para 2026 e 2027 em suas projeções.

Efeitos da alta na economia brasileira

Com a possível alta da Selic, especialistas apontam que diversos efeitos podem ser observados na economia. Entre as principais consequências estão:

  • Aumento nos juros bancários: A alta da Selic tende a refletir nas taxas de juros cobradas pelos bancos, tanto em operações com pessoas físicas quanto jurídicas. Em março deste ano, a taxa média de juros para crédito foi de 44%, o maior nível em quase dois anos.
  • Impacto no crescimento econômico: Juros mais altos geralmente resultam em uma desaceleração do consumo e uma diminuição na disposição das empresas em investir. Isso pode afetar negativamente o crescimento do PIB, o emprego e a renda. Já no último trimestre de 2024, os dados indicam uma desaceleração da economia brasileira.
  • Agravamento das contas públicas: O aumento dos juros eleva também os custos com o pagamento da dívida pública. Nos últimos 12 meses até março, as despesas com juros somaram R$ 948 bilhões, ou 7,9% do PIB, aumentando o endividamento do país.
  • Mudança no mercado financeiro: A alta nos juros pode tornar os investimentos em renda fixa, como o Tesouro Direto e as debêntures, mais atraentes. Isso pode levar a uma diminuição no apetite dos investidores pelo mercado acionário, afetando a atratividade das ações.
Expectativas para os próximos meses

A manutenção do ciclo de alta da Selic está diretamente ligada ao controle da inflação e à necessidade de desacelerar a economia. O Banco Central, embora já tenha sinalizado que está atento aos sinais de desaceleração, ainda considera a inflação acima das metas estabelecidas. O cenário econômico doméstico e global continuará a influenciar as decisões futuras sobre a taxa de juros.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias