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COMÉRCIO EXTERIOR: Sanções podem elevar vendas do Brasil à Rússia

Exportadores brasileiros têm perspectivas positivas na Rússia e o comércio bilateral de US$ 5,6 bilhões em 2013 pode aumentar este ano


Publicado em: 05/05/2014 às 12:40hs

COMÉRCIO EXTERIOR: Sanções podem elevar vendas do Brasil à Rússia

Exportadores brasileiros têm perspectivas positivas na Rússia e o comércio bilateral de US$ 5,6 bilhões em 2013 pode aumentar este ano, no rastro das sanções que os Estados Unidos e a União Europeia (UE) querem aplicar contra os russos, avaliam fontes comerciais.

Carnes - A exportação brasileira de carnes, por exemplo, pode crescer em US$ 800 milhões este ano, alcançando US$ 2,8 bilhões, segundo projeção de analistas que acompanham as relações bilaterais em Moscou. O governo do presidente russo Vladimir Putin ameaça retaliar companhias americanas e europeus por causa das sanções. Ao mesmo tempo busca diversificar os parceiros comerciais, em meio às incertezas sobre possíveis punições adicionais.

Prioridade - Ministros russos deixam claro que os países do Brics - grupo que inclui, além da Rússia, Brasil, China, África do Sul e Índia - são prioritários. Empresas russas parecem ter entendido isso rapidamente. Praticamente todo dia alguma companhia busca a embaixada brasileira em Moscou querendo participar do fórum empresarial do Brics que ocorrerá paralelamente à reunião de cúpula dos líderes, em julho, em Fortaleza.

Potencial - Empresas brasileiras representadas na Rússia, como WEG, BR Foods, Minerva e Embraer, que enfrentam concorrência de companhias da Europa e América do Norte, têm potencial de ampliar negócios, segundo essas fontes.

Sanções - "Até agora, as sanções não tiveram nenhum efeito nos negócios com o Brasil, que devem aumentar', diz Peter Jilinski, representante da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, em São Petersburgo. Ele admite que "pode haver algum problema", se as sanções aumentarem, porque uma parte "pequena" do financiamento do comércio bilateral (trade finance) é feita parte de bancos dos EUA e da Europa.

Evolução - "Se já tinha algo como namoro, agora é beijo na boca', diz João Gilberto Vaz, presidente da Abrarenas, grupo de empresas brasileiras interessadas em fornecer serviços relacionados à gestão de estádios (bilhetes, catering, catracas, telão, toda a parte eletrônica etc.). Ele comandou recentemente uma delegação de empresários a Moscou e voltará à capital russa no mês que vem.

Falta de visão- Fontes do governo brasileiro veem uma série de possibilidades "auspiciosas" na Rússia, mas acham que falta a visão do empresariado brasileiro de que o ambiente atual pode ser positivo para eles naquele mercado.

Situação - No caso das carnes, as exportações para a Rússia são complicadas para todos os parceiros. Moscou abriu briga com a UE e bloqueou a entrada da carne suína europeia recentemente. Ao mesmo tempo, o Brasil agora tem oito frigoríficos de suínos podendo exportar para o mercado russo. No total, são agora 63 frigoríficos dos três tipos de carnes - bovina, suína e de aves -, o que alimenta as projeções de exportações bem maiores este ano.

Açúcar - O Brasil pode elevar as vendas de açúcar, que chegaram a US$ 2 bilhões em 2011, mas caíram para US$ 500 milhões no ano passado, quando Moscou optou por não aumentar os estoques. As vendas de café e fumo também podem aumentar, diz Jilinski. Além disso, o Brasil está exportando US$ 40 milhões por ano, em média, em frutas - manga, uva, melão, melancia e papaia - e analistas veem espaço para ampliação do mercado.

Acordo aeronáutico- Um grande acordo aeronáutico com a canadense Bombardier para produção de aviões na Rússia acabou suspenso por causa das sanções. A Embraer aparentemente não tem interesse no projeto.

Mecanismo - Nesta quinta-feira (01/05), o governo Putin deflagrou o mecanismo de disputa comercial contra a UE na Organização Mundial do Comércio (OMC), contestando a regulação na área de energia.