Publicado em: 11/08/2014 às 17:40hs
Os bancos da capela da usina, onde antes ocorriam missas semanais, hoje estão desalinhados, assim como os negócios do setor.
Uma das unidades de processamento de cana-de-açúcar da região, a usina está fechada desde 2012 --uma das que sucumbiram aos problemas de preços e de liquidez que se seguiram à crise global.
Outras 43 usinas suspenderam suas operações no país desde 2010, dispensando milhares de trabalhadores. A alteração no cenário afetou a indústria e o comércio de cidades que vivem em razão da monocultura da cana.
Em Sertãozinho, com 118 mil habitantes, o saldo de vagas fechadas foi de 655 em junho, metade delas na indústria. Fábricas que produzem caldeiras e reformam máquinas das usinas empregam 10 mil trabalhadores.
O sindicato dos metalúrgicos do município estima que cem desligamentos ocorram por semana.
O comércio também perde com a crise. As lojas do centro da cidade estão vazias. Para estancar o prejuízo, promoções são feitas desde o início do ano, sem resultado.
O impacto e a abrangência dos desligamentos preocupam. Segundo dados de junho, 1.181 mais postos de trabalho foram abertos que fechados em Sertãozinho nos 12 meses anteriores.
"As contratações [para a nova safra] deveriam ter começado em abril", diz Carlos Liboni, secretário de Indústria e Comércio da cidade.
O desemprego não atinge só funções simples, como cortadores de cana, mas também cargos na indústria. Daniel Moraes Filho, 64, era gerente comercial de uma fábrica e perdeu o emprego em maio.
Ele trabalhava no setor havia 30 anos. Na sala de sua casa, diz estar "meio sem rumo": "Não sei o que fazer. É uma situação traumática".
Sem vagas em outros áreas, afetadas pela crise da cana, os trabalhadores podem começar a deixar a cidade. O operador de máquinas Manuel Souza, demitido em março, já cogita retornar à Bahia, de onde saiu há 30 anos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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